"Nego categoricamente que tenha ameaçado Frederico Pinheiro, mas afirmo que fui ameaçado por Frederico Pinheiro - e não foi pouco, senhor deputado - e pode ter a certeza que se havia alguém mesmo muito exaltado naquele telefonema não era seguramente eu", afirmou João Galamba, na comissão de inquérito à TAP, em resposta ao deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira.
Em causa estão as afirmações de Frederico Pinheiro, na audição de quarta-feira na comissão de inquérito, onde confirmou que o ministro o ameaçou "com dois socos" durante o telefonema em que foi exonerado, em 26 de abril, após o regresso de Galamba de uma visita oficial a Singapura.
"A pessoa verdadeiramente exaltada era Frederico Pinheiro que, aliás, a seguir foi fazer o que sabemos que fez, onde de facto agrediu pessoas. O exaltado naquele telefonema não fui seguramente eu", disse Galamba, admitindo ser uma "pessoa colérica", mas que, naquele momento, "estava aliviado por resolver" o problema.
"Estava muito, muito tranquilo", acrescentou, sublinhando ter testemunhas disso.
João Galamba afirmou que se sentiu transtornado anteriormente ao telefonema, enquanto estava em Singapura, sentindo-se "desesperado" porque queria cumprir com os pedidos da comissão parlamentar de inquérito e a informação que tinha é que "afinal havia umas notas" da reunião de 17 de janeiro com o grupo parlamentar do PS e a ex-presidente executiva da TAP, que não conseguia enviar, porque Frederico Pinheiro não as mandava.
Reiterando que não há duas versões contraditórias, mas sim duas versões diferentes, o ministro das Infraestruturas realçou que o único facto que Frederico Pinheiro apresenta é uma mensagem, enviada após insistência de várias pessoas do gabinete, incluindo o próprio governante, a pedir as notas, em que o ex-adjunto diz que considera que se deve rever a decisão de não enviar as notas à comissão de inquérito.
"É uma resposta, naquele contexto, absurda, porque é uma resposta [ao pedido] 'por favor, dá para enviarmos'", disse Galamba, considerando que a resposta de Frederico Pinheiro é "fabricada" e "inteligível".
Questionado sobre como explica a preocupação em recuperar o computador do ex-adjunto, o ministro respondeu: "a primeira coisa que [Frederico Pinheiro] faz quando é exonerado é ir a correr buscar o computador. O que raio terá aquele computador? As coisas pessoais não serão, porque seriam entregues evidentemente. Será por outra coisa".
[Notícia atualizada às 21h31]
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