O ex-adjunto de João Galamba, Frederico Pinheiro, considerou esta sexta-feira, em entrevista à TVI, que o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o difamaram "publicamente".
"Tanto o primeiro-ministro, como o ministro das Infraestruturas, difamaram-me publicamente. Isso é claro", afirmou o ex-adjunto de João Galamba.
Por essa razão, Frederico Pinheiro disse "estar a ponderar" e a "recolher todos os elementos" para, eventualmente, avançar com o caso para instâncias judiciais. Até porque, na sua ótica, "existe matéria jurídica para avançar com uma queixa-crime".
Sobre as acusações feitas ontem por João Galamba na comissão parlamentar de inquérito à TAP, o ex-adjunto do governante deixou uma garantia: "o senhor ministro não está a dizer a verdade, não houve qualquer ameaça da minha parte". E voltou a reforçar, tal como tinha já feito na quarta-feira: "o senhor ministro das Infraestruturas ameaçou-me".
Já sobre o incidente polémico no Ministério das Infraestruturas, Frederico Pinheiro quis, desta vez, ressalvar que as audições mais recentes na comissão parlamentar de inquérito à TAP trouxeram "novos dados" à "história que estava a ser colocada a circular pela máquina comunicacional do Governo". E apontou, ainda, fragilidades à narrativa apresentada pela tutela: "Acho difícil quatro pessoas atirarem-se à minha mochila e ninguém me tocar".
Frederico Pinheiro teve ainda oportunidade de falar sobre a polémica reunião preparatória que contou com a participação da ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, bem como membros do Governo e o grupo parlamentar do PS, dizendo não se recordar de "ter participado em reuniões desse género". Sobre o momento em que destacou, pela primeira vez, que tinha as notas referentes a essa reunião na sua posse, o ex-adjunto disse que tal aconteceu "no dia seguinte à audição" da ex-CEO da TAP na referida comissão - ou seja, a 5 de abril.
Sobre a participação de João Galamba nessa reunião preparatória, afirmou, contrariando a versão do governante: "Acho mesmo muito pouco credível um senhor ministro entrar duas vezes numa reunião só para saber se está tudo a correr bem. Não foi isso que aconteceu".
Frederico Pinheiro, recorde-se, está no centro de um caso que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba. O caso rebentou após a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, ter revelado, no início de abril, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a gestão da TAP que tinha participado numa reunião ‘secreta’ com o Grupo Parlamentar do Partido Socialista (GPPS) e com membros do Governo, antes de uma audição no parlamento, em janeiro.
Após a reunião ter sido tornada pública, o ex-adjunto de Galamba foi exonerado por "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades" e acusou o ministro de querer mentir à CPI sobre a existência de notas desse encontro. O ministro negou as acusações.
Frederico Pinheiro terá ainda furtado um computador portátil do Estado, recorrendo a violência física. A polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação desse computador.
Já na quarta-feira, presente na CPI, o ex-adjunto considerou "ter sido leal, rigoroso e trabalhador" e negou ter colocado a "informação classificada" em risco. Disse ainda ter sido "injuriado e difamado" pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro das Infraestruturas e ser alvo da "poderosa máquina do Governo", que criou uma "narrativa falsa sobre os factos ocorridos".
Sobre as acusações de violência, defendeu não ser o "agressor", mas sim o "agredido", e diz ter sido "sequestrado" no Ministério das Infraestruturas.
[Notícia atualizada às 21h33]
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