UE procura na América Latina e África minerais para transição energética

A União Europeia está a focar-se na América Latina e em África para diversificar os fornecedores de matérias-primas consideradas críticas para a transição energética, como alguns minerais, disse hoje uma responsável europeia.

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Lusa
23/05/2023 15:36 ‧ 23/05/2023 por Lusa

Economia

Cristina Lobillo

Cristina Lobillo, diretora do Grupo de Trabalho da Plataforma Energética da União Europeia (UE), que falava numa conferência sobre energia em Madrid, organizada pela escola de negócios ESADE, disse que, em relação aos "minerais críticos", como o lítio, o cobalto ou magnésio, a Europa não pode "repetir o mesmo erro" da extrema dependência de um único fornecedor, como aconteceu com o gás russo.

"Precisamos de um plano europeu para a indústria", disse Cristina Lobillo, que lembrou que a dependência europeia da China em relação a alguns desses minerais é de 98%, embora existam em todo o planeta, incluindo em países da UE.

Aquilo que a UE está a fazer, afirmou, é trabalhar para "garantir o bom funcionamento" das cadeias de fornecimento e desenvolver a cooperação com países terceiros.

"Em particular, agora, estamos a focar-nos em África e na América Latina", disse Cristina Lobillo que, a este propósito, classificou como "muito importante" a primeira cimeira em oito anos entre a UE e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), prevista para meados de julho, em Bruxelas.

Minerais como o lítio são considerados essenciais para a concretização da designada "transição energética" das economias mundiais dependentes de combustíveis fósseis para sistemas de produção e de consumo menos poluentes e baseados em fontes renováveis.

Presente na mesma conferência, o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix, defendeu que a UE tem de entender "que o conceito de autonomia estratégica deve ser, só pode ser, um projeto de autonomia estratégica aberta, isto é, diversificar as fontes de abastecimento, seja de energia, das matérias-primas essenciais ou dos equipamentos fundamentais" para avançar nessa direção.

"A Europa deve sobretudo olhar para dentro de si e para as diversas partes do mundo e saber como pode definir uma autonomia estratégica aberta. Pensarmos que podemos produzir tudo na Europa não só não é realista como a dependência só de nós próprios não é muito melhor do que depender de um ou de outros blocos económicos", afirmou, em declarações a jornalistas.

O BEI tem desbloqueado "financiamento muito significativo nesta área", disse Moutinho Félix, que sublinhou que esse apoio vai desde projetos relacionados diretamente com a produção de energias renováveis a outros focados na eficiência energética, que tem "um papel muito importante e que muitas vezes é um pouco negligenciado".

"Aquilo que temos de fazer não é só produzir energia verde, é usar melhor a energia para não precisarmos de produzir tanta energia e, portanto, não precisarmos tanto de utilizar matérias-primas críticas", afirmou.

Mourinho Félix salientou ainda o lado da reciclagem e a importância de ser desenvolvida a capacidade de reciclar materiais, para ser possível substituir o "modelo extrativo" de recursos atual.

"O pior erro que podemos fazer é passar do modelo extrativo de combustíveis fósseis para o modelo extrativo de matérias críticas para as novas tecnologias, que não deixa de ser um modelo extrativo. É esse modelo que temos de abandonar para ter uma economia limpa do ponto de vista da produção da energia, mas também sustentável na exploração dos recursos naturais, que são limitados", afirmou.

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