Maria Antónia Araújo foi chefe do gabinete do ex-ministro Pedro Nuno Santos, que se demitiu na sequência da indemnização de 500.000 euros paga a Alexandra Reis, e é atualmente chefe do gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco.
Espera-se, assim, que a comissão de inquérito à TAP volte a incidir sobre a polémica indemnização, após várias audições em que a maioria dos deputados se concentrou nos acontecimentos de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas, que envolveram o ex-adjunto de João Galamba, Frederico Pinheiro, e levaram à intervenção do Serviço de Informações de Segurança (SIS) devido a um computador de serviço retirado do edifício.
Depois de ter dito que não foi informado da indemnização de 500.000 euros e após a sua demissão, Pedro Nuno Santos esclareceu, em comunicado, que ele, o então secretário de Estado Hugo Mendes e a chefe de gabinete, Maria Antónia Araújo "não tinham memória" de que sabiam da indemnização e que o ministro deu "anuência política para fechar o processo".
"A única informação nova, posterior à minha demissão, que senti necessidade de dar conhecimento público foi a de uma comunicação encontrada, por mim, a 19 de janeiro de 2023 da minha então chefe de Gabinete (CG) e do secretário de Estado (SE), de que nenhum dos três tinha memória, a informarem-me do valor final do acordo a que as partes tinham chegado e que não era possível reduzir mais o valor da indemnização", informou, em 20 de janeiro.
A audição de Maria Antónia Araújo está marcada para as 18:00, para que antes os deputados discutam e votem vários requerimentos para audições apresentados por vários grupos parlamentares no seguimento dos acontecimentos de 26 de abril e o envolvimento do SIS.
Entre eles estão o pedido para depoimento por escrito do diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), Manuel Magina da Silva, para audições do diretor do SIS, Adélio Neiva da Cruz, da secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Graça Mira-Gomes, e a inquirição do primeiro-ministro, António Costa, que a IL pediu que se faça por escrito, mas o BE prefere que seja presencial.
Na sexta-feira, a Assembleia da República aprovou a prorrogação por 60 dias do prazo de funcionamento da comissão parlamentar de inquérito à TAP, que tinha data prevista de conclusão em 23 de maio, para conseguir "realizar todas as audições requeridas e acordadas", estando, até ao momento, a última audição marcada para 16 de junho, com a inquirição ao ministro das Finanças, Fernando Medina.
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