"As empresas europeias precisam de ter acesso a tecnologias-chave para inovar, desenvolver e produzir, [...] é um imperativo económico e de segurança nacional preservar uma vantagem europeia em tecnologias críticas e emergentes, [mas] esta política industrial europeia exige também um financiamento europeu comum", disse Ursula von der Leyen no seu discurso sobre o Estado da União em 2023, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.
Foi por isso que, de acordo com a líder do executivo comunitário, a Comissão Europeia propôs recentemente uma revisão para reforço do orçamento de longo prazo da UE e a criação de uma Plataforma de Tecnologias Estratégicas da Europa (STEP) para apoiar a liderança europeia no domínio das tecnologias críticas.
"Com a [plataforma] STEP, podemos impulsionar, alavancar e orientar os fundos da UE para investir em tudo, desde a microeletrónica à computação quântica e à inteligência artificial, da biotecnologia às tecnologias limpas, e as nossas empresas precisam deste apoio agora, por isso apelo a um rápido acordo sobre a nossa proposta de orçamento", afirmou Ursula von der Leyen.
"Sei que posso contar com esta assembleia", acrescentou, numa alusão à discussão entre os colegisladores (Conselho e Parlamento Europeu).
A posição surge numa altura em que a UE discute a revisão do orçamento a longo prazo para o período 2024-2027, prevendo uma reserva de 50 mil milhões de euros de apoio à recuperação da Ucrânia, 15 mil milhões de euros para gestão das migrações e 10 mil milhões no âmbito da STEP para investimentos 'verdes' e tecnológicos.
Já falando sobre a competitividade europeia, a responsável defendeu a aposta num "comércio aberto e justo".
"Até agora, concluímos novos acordos de comércio livre com o Chile, a Nova Zelândia e o Quénia e o nosso objetivo é concluir acordos com a Austrália, o México e o Mercosul até ao final do corrente ano e, pouco depois, com a Índia e a Indonésia", revelou, defendendo que o "comércio inteligente gera bons empregos e prosperidade".
Negociadores da UE e do Mercado Comum do Sul (Mercosul) estão agora a ultimar as discussões comerciais para concluir este acordo comercial, que teve aval há cinco anos, mas que tem vindo a ser contestado dentro do bloco comunitário por razões concorrenciais e ambientais.
O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
Este discurso sobre o Estado da União, um exercício anual a marcar o início do ano legislativo, ocorre quatro anos após a eleição de Von der Leyen - que iniciou o seu primeiro mandato à frente do executivo comunitário em dezembro de 2019 - e a menos de um ano das eleições europeias de 2024, marcadas para junho.
Hoje, Ursula von der Leyen assinalou também que "é importante para a Europa reforçar a sua segurança económica", depois de, por exemplo durante a pandemia de covid-19, se terem verificado estrangulamentos nas cadeias de abastecimento globais em componentes como semicondutores por parte da China.
Precisamente na área das matérias-primas críticas, a responsável divulgou uma primeira reunião com parceiros no final deste ano.
[Notícia atualizada às 11h34]
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