BCE na encruzilhada entre subir ou manter taxas de juro. O que vem aí?

O Banco Central Europeu (BCE) decide esta quinta-feira se aumenta novamente as taxas de juro, devido à inflação ainda elevada na zona euro, ou se faz uma pausa nas subidas, para não abrandar o crescimento e evitar a estagnação.

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Lusa
13/09/2023 15:19 ‧ 13/09/2023 por Lusa

Economia

BCE

 

O Conselho de Governadores do BCE reúne esta quinta-feira, numa altura em que surgem sinais de estar dividido, assim como os mercados e analistas, que divergem nas previsões sobre a decisão.

Na última reunião, em julho, (na qual a instituição decidiu subir os juros em 25 pontos base), a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que as taxas poderiam manter-se no mesmo nível ou sofrer um novo agravamento, em função dos dados macroeconómicos.

Os 'falcões' do Conselho do BCE -- os membros mais favoráveis a uma política restritiva para combater a inflação -- podem pressionar a entidade a aumentar o preço do dinheiro na reunião desta semana.

Por outro lado, há 'pombas' do Conselho (por contraposição à posição dos 'falcões') que defendem uma pausa.

Recentemente, o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, alertou que o risco de "fazer demais" na política monetária começa a ser material.

De acordo com os últimos dados do Eurostat, a taxa de inflação na zona euro manteve-se inalterada em agosto face a julho em 5,3%, mas a inflação subjacente (que não tem em conta energia ou alimentos por serem preços mais voláteis) moderou-se para 6,2% (6,6% em julho).

Já a Comissão Europeia reduziu esta segunda-feira a previsão de crescimento económico da zona euro este ano em três décimas, para 0,8%, sobretudo devido ao abrandamento da atividade na Alemanha, que irá contrair 0,4% em 2023, e prevê alguns meses de abrandamento.

O economista-chefe da gestora de fundos de investimento AXA Investment Managers, Gilles Moëc, aponta para "uma probabilidade ligeiramente superior de o BCE aumentar as taxas esta semana" em 25 pontos base, ainda que saliente que "o resultado da reunião do Conselho do BCE esta quinta-feira está invulgarmente incerto".

"Os falcões provavelmente acreditam que não agir este mês irá prejudicar seriamente as hipóteses de uma nova subida", porque é muito provável que os dados económicos se deteriorem ainda mais, refere.

Para o analista, "se o BCE não aumentar as taxas, o mercado provavelmente irá interpretar isso como um sinal claro de que o banco central terminou" a trajetória de subidas e seria preciso um novo aumento da pressão inflacionista para justificar uma nova subida.

Também o diretor global de investimentos em obrigações da Allianz Global Investors (AllianzGI), Franck Dixmier, espera um aumento dos juros em 25 pontos base.

"Acreditamos que esta desaceleração do crescimento na zona euro ainda não é suficientemente preocupante para justificar uma pausa, enquanto os níveis de inflação ainda estão longe da meta do BCE", explica, acrescentando que "outro fator preocupante para o banco central é que a confiança do mercado na sua capacidade de atingir os seus objetivos está a diminuir gradualmente, com as expetativas para a inflação ligeiramente desviadas".

No entanto, o banco britânico Barclays antecipa uma pausa nos aumentos das taxas, embora não acredite que a instituição monetária tenha posto definitivamente fim ao ciclo de subidas e prevendo que, caso haja um novo aumento no preço do dinheiro, isso aconteceria no quarto trimestre.

Além disso, o Barclays espera que o BCE reitere a mensagem de não considerar cortes nas taxas durante um longo período.

Uma posição partilhada pelo responsável de análise da dívida soberana dos mercados desenvolvidos da MFS Investment Management, Peter Goves, que espera que o BCE mantenha as taxas inalteradas e sinalize que tal não significa que o ciclo de aperto necessariamente terminou.

O BCE também irá divulgar na quinta-feira as novas previsões macroeconómicas, nas quais poderá rever em baixa as expectativas de crescimento económico e em alta as expectativas de inflação face às anunciadas em junho, segundo os analistas.

O banco central aumentou as taxas de juro em 425 pontos base desde julho do ano passado, o ciclo de subida das taxas de juro mais rápido da história da zona euro.

A taxa de facilidade de depósito está atualmente fixada em 3,75%, a taxa de juro das principais operações de refinanciamento em 4,25%, e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 4,5%.

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