Construtora chinesa Evergrande retoma ações na bolsa de Hong Kong
O grupo Evergrande, uma das maiores construtoras da China, cujo colapso marcou o início da crise no setor imobiliário do país, confirmou hoje a retoma da negociação na bolsa de Hong Kong, suspensa desde quinta-feira.
© Lusa
Economia Evergrande
O grupo tomou a decisão da suspensão um dia depois de a imprensa ter noticiado que o presidente da empresa, o bilionário Xu Jiayin, se encontrava em prisão domiciliária. A cotação das ações do Evergrande caiu 19%.
A Evergrande admitiu entretanto que Xu estava "sujeito a medidas coercivas devido a suspeitas de crime ou delito em violação da lei", sem avançar mais detalhes sobre a natureza das alegadas infrações.
O grupo solicitou na segunda-feira o reinício da negociação na bolsa. "O conselho de administração considera que as atividades da empresa são normais e que não existe qualquer outra informação relativa à empresa que deva ser tornada pública", declarou o Evergrande, na segunda-feira à noite, no que aparenta ser uma justificação para a retoma da negociação.
O anúncio surge durante uma semana de férias na China, por ocasião do feriado do dia nacional, 01 de outubro, período geralmente favorável à compra de imóveis.
O setor imobiliário na China registou um crescimento meteórico nas últimas décadas, num país onde a venda de imóveis em planta permite financiar outros projetos.
Em 2020, a situação financeira de muitas construtoras chinesas deteriorou-se, depois de os reguladores chineses terem exigido às empresas um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor, agravada pelas medidas de combate à pandemia da covid-19.
O colapso da Evergrande, cujo passivo ascende a 328 mil milhões de dólares (307 mil milhões de euros), é o caso mais emblemático desta crise, que tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas, cerca de 70%, de acordo com diferentes estimativas.
A crise afetou nos últimos meses outro peso pesado do setor: a Country Garden, até há pouco vista como uma empresa financeiramente sólida.
Na segunda-feira, uma outra subsidiária da Evergrande, a Hengda Real Estate, anunciou que não consegue pagar os pagamentos regulares de obrigações, aumentando a pressão sobre o grupo, antes de uma audiência marcada para o final de outubro com um grupo de credores, nos tribunais de Hong Kong.
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