África subsaariana obrigada a subir taxa de juro para controlar inflação

Os bancos centrais na África subsaariana deverão ser obrigados a continuar a subir as taxas de juro para controlar a inflação, que em vários casos deverá manter-se próximo dos 20%, dizem os economistas da Bloomberg.

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Lusa
22/11/2023 12:18 ‧ 22/11/2023 por Lusa

Economia

Bloomberg

"Os bancos centrais da África subsaariana, ao contrário dos reguladores da América Latina, vão provavelmente ter de esperar um pouco mais para baixar as taxas de juro, com os economistas a aumentarem a previsão de subida da inflação em várias das principais economias da região", escreve a agência de informação financeira Bloomberg.

O Banco Nacional de Angola subiu na terça-feira a taxa de juro de referência para 18%, citando o contínuo aumento da inflação como a principal motivação para aumentar o custo do dinheiro, com Gana, Nigéria, Etiópia e Zâmbia a reverem em alta a previsão de subida dos preços.

Num comunicado divulgado no final da reunião do comité de política monetária do Banco, na terça-feira, o Banco Nacional de Angola argumenta que "a trajetória da inflação recomenda a manutenção do sentido restritivo da política monetária com vista ao seu alinhamento com o objetivo de médio prazo, situação que continuará a ser monitorizada pelo Banco Nacional de Angola e que poderá levar à tomada de medidas adicionais caso se afigure necessário".

Para os economistas da Bloomberg, a subida das taxas em Angola não será caso único nesta região afetada por vários choques externos que motivaram um aumento da inflação, queda da disponibilidade de moeda externa e a consequente resposta dos bancos centrais, através da subida das taxas de juro.

"A depreciação das moedas na África subsaariana devido a uma redução da liquidez de moeda externa implica que a inflação vai continuar elevada durante um período prolongado", comentou uma das economistas da Bloomberg Economics que segue as economias africanas, Yvonne Mhango, apontando que "os bancos centrais nesta região vão ser forçados a manter as taxas de juro mais elevadas por mais tempo para controlar a inflação".

A subida das taxas de juro acontece no sentido contrário ao que os bancos centrais noutras áreas têm vindo a fazer, como por exemplo nalguns países da América Latina, incluindo o Brasil, Chile e Peru, que já começaram a cortar as taxas na sequência do abrandamento da inflação, numa altura em que a Reserva Federal dos Estados Unidos interrompeu a consistente subida das taxas, iniciada em março do ano passado, que viu a taxa subir de pouco acima de 0 para 5,4%, o nível mais elevado deste milénio.

A inflação na Nigéria, a maior economia da África subsaariana, deverá registar uma subida de 24,7% no próximo ano, e o panorama para Angola aponta para uma subida acima dos 20% em 2024, ainda assim melhor que os 35,2% registados no Gana em outubro, país onde a taxa de juro de referência está nos 30%.

Leia Também: África do Sul contraiu dívida internacional de 1,4 mil milhões de euros

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