O relatório da EIU, a que a Lusa teve hoje acesso, aponta para uma estabilização do kwanza, após uma desvalorização estimada de 34% em meados de 2023, mantendo-se o risco de volatilidade em 2024-2028, face à diminuição dos preços do petróleo, parcialmente compensada pelo aumento da produção.
"Esperamos que 2024-25 seja um período de relativa estabilidade do kwanza face ao dólar americano (após uma desvalorização estimada de 34% em 2023), devido à "almofada" das reservas cambiais", lê-se no relatório.
O aperto da política monetária da Reserva Federal (banco central dos EUA) a partir de meados de 2024 significa que a força do dólar americano tenderá a diminuir, evitando a desvalorização do kwanza, refere ainda a EIU, notando, no entanto, que o reembolso da dívida externa em 2024 aumentará a pressão sobre as reservas cambiais, elevando o risco de volatilidade da taxa de câmbio a curto prazo.
As perspetivas económicas de Angola são globalmente positivas, apoiadas pelo setor petrolífero e recuperação do setor não petrolífero (principalmente gás e mineração, juntamente com os serviços e construção) a médio prazo.
O crescimento real do PIB, estima o documento, será em média de 3,5%, atingindo os 4% em 2028.
A unidade de análise do grupo The Economist, refere que Angola dará prioridade ao reembolso da dívida e às despesas sociais em 2024, cortando outros gastos.
A EIU refere que o aumento salarial nominal de 5% previsto para o setor público em 2024 "é, na verdade, um corte salarial em termos reais", reduzindo o peso desta despesa no PIB de 4,6% em 2023 para 4,2% em 2024.
Por outro lado, o aumento dos preços globais do petróleo (para uma média prevista de 84,8 dólares/barril, acima da média governamental 65 dólares/barril) fará com que a relação receitas/PIB aumente, "proporcionando um modesto excedente fiscal de 0,5% do PIB em 2024, face a um défice estimado de 0,7% em 2023", segundo a mesma análise.
Quanto à inflação, deve manter a tendência ascendente em 2024, devido ao aumento dos preços globais do petróleo e das matérias-primas, prevendo-se uma inflação média de 18,7% em 2024 e de 21,2% em 2025, acima da estimativa de 13,1% em 2023.
Em 2026-28, a EIU espera uma melhoria no abastecimento interno de combustível a partir de novas refinarias, limitando o impacto da desvalorização do kwanza na inflação, mesmo com a liberalização dos preços dos combustíveis.
"A queda dos preços dos alimentos, o declínio do impacto dos combustíveis e a remoção dos subsídios ajudará a conter a inflação a uma média de 14,3% ao ano durante esse período", sublinha o documento.
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