De acordo com o comunicado, a que a agência Lusa teve acesso, os acordos de rescisão serão negociados "num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marcas" do grupo, sendo o objetivo "evitar um processo de despedimento coletivo" que, segundo a Comissão Executiva, "apenas será opção em último caso".
"Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa", a administração do GMG avança ainda que "o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano".
Segundo acrescenta, "no caso dos processos de acordo de rescisão esse valor será obviamente tido em conta".
No documento, a Comissão Executiva reafirma a sua "determinação [...] em adotar um vasto conjunto de mudanças ao nível da gestão e procedimentos nos diferentes departamentos e marcas", de forma "a tornar sustentável" o projeto.
O objetivo é evitar "a mais do que previsível e anunciada falência do grupo", que, reconhece, "só a contínua e indiscriminada venda de património, como a que ocorreu nos últimos anos, tem vindo a adiar".
Com o plano de reestruturação a implementar, o GMG diz pretender por "termo ao ciclo de prejuízos constantes" e, "numa fase posterior, [...] consolidar um projeto alargado ao mercado da língua portuguesa".
"Sendo do conhecimento geral o complexo e difícil momento que todos os grupos de media atravessam, não é aceitável ou admissível para este projeto e para os seus acionistas que o financiamento deste grupo seja suportado pela existência de dívidas de milhões de euros à banca, ou por algum grupo empresarial que, pese os sucessivos anos de prejuízos, opte, em nome de uma agenda própria, manter esses projetos editoriais", sustenta.
Segundo refere, "mais do que nunca, só o garante da independência financeira poderá permitir a existência de projetos jornalísticos sérios, responsáveis e isentos".
De acordo com o GMG, as "medidas urgentes" agora anunciadas baseiam-se "nas conclusões da análise e da auditoria" realizadas nos últimos três meses à situação patrimonial e financeira do universo empresarial do grupo e visam "estancar o crescimento dos prejuízos, salvaguardar o número possível de postos de trabalho e evitar a falência do grupo e das suas empresas".
Algo que, diz, "inevitavelmente ditaria o encerramento das suas históricas e principais marcas".
Fazendo um "retrato" dos "resultados e práticas de gestão financeira e editorial" que encontrou na empresa, a Comissão Executiva destaca que os prejuízos acumulados pelo GMG até ao final do ano passado ascenderam a 39 milhões de euros, estando previsto para este ano um prejuízo global superior a sete milhões de euros.
A estes valores acrescem dívidas acumuladas de cinco milhões de euros, estando a ser liquidado em sede de acordo RERT (Regime Excecional de Regularização Tributária) um montante de mais de sete milhões de euros.
"Mais: na análise efetuada, a previsão é que, mantendo-se a atual situação sem que se proceda a qualquer tipo de reestruturação, o prejuízo mínimo anual seria na ordem dos nove milhões de euros", enfatiza.
Ainda destacado é que, nos últimos meses, antes da mais recente reconfiguração da estrutura acionista do grupo, o pagamento de salários "apenas era possível por ser assegurado por transferências diretas realizadas pelo acionista Marco Galinha".
"Em 2021, quando o acionista Marco Galinha entrou no capital do Global Media Group, eliminando a pesada dívida bancária então existente de 11 milhões de euros e que passou para 900 mil euros, já o fez numa derradeira tentativa de salvar o grupo de um colapso anunciado", sendo que, "já nesse momento, nenhum dos outros acionistas mostrava qualquer disponibilidade em aportar qualquer investimento ao grupo", relata.
[Notícia atualizada às 16h35]
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