"Para Portugal, o impacto existe nas empresas ou setores que importem da China e que, integrem componentes chineses na sua cadeia de produção. Parece-me que o efeito será mais temporário do que permanente, mas os fretes mais elevados irão provavelmente ser repassados pelo menos parcialmente aos clientes e consumidores", explica o presidente da IMF - Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia.
Os ataques dos rebeldes houthis a navios civis no Mar Vermelho têm levado a um aumento dos preços do transporte marítimo, com as empresas a procurarem rotas alternativas para evitar o Canal Suez - cujo volume de comércio caiu 42% nos últimos dois meses, segundo as Nações Unidas (ONU).
Uma das alternativas passa por contornar o cabo da Boa Esperança, na África do Sul, um trajeto cerca de 40% mais longo, explica o economista sénior do Banco Carregosa Paulo Rosa.
O economista explica que tal poderá ter impacto para a economia portuguesa "diretamente no aumento dos custos das matérias-primas importadas por Portugal e indiretamente, através da penalização da economia da zona euro".
O presidente executivo da Optimize, Pedro Lino, assinala que o impacto também pode chegar devido a "uma maior incerteza a pender sobre a economia europeia".
"Em termos de comércio é de esperar um aumento dos custos com logística", refere.
Segundo o analista irá ter impacto nas importações, como o petróleo e produtos oriundos da Ásia, mas também nas exportações portuguesas, que podem sofrer atrasos, colocando uma pressão adicional sobre a rentabilidade das empresas.
Os houthis alegam que os seus ataques com 'drones' e mísseis lançados desde 19 de novembro contra navios comerciais visam parar a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza e reivindicam ataques contra alvos com ligação a Israel.
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