De acordo com a explicação mais detalhada da manutenção do 'rating' de Angola em B-, a 15 de dezembro do ano passado, divulgada esta semana, a Fitch Ratings apresenta as previsões específicas para cada ano, antevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) deste país lusófono passe de um crescimento de 0,2% em 2023, para 0,9% e 1,5% neste e no próximo ano.
"A nossa previsão de crescimento do PIB assume um declínio na produção petrolífera, para uma média de 1,09 milhões de barris por dia em 2023 e 1,05 milhões em 2024 e 2025, o que é ligeiramente abaixo da previsão do governo no Orçamento Geral do Estado para 2024, que assume uma produção de 1,05 milhões de barris em 2024 e bem abaixo da previsão do Ministério dos Hidrocarbonetos, de 1,18 milhões de barris por dia entre 2022 e 2025, o que reflete uma produção na capacidade máxima", escrevem os analistas.
O 'rating' de Angola "equilibra os fracos indicadores de governação, a elevada inflação, os elevados níveis de dívida em moeda externa e um dos mais elevados níveis de dependência de matérias primas entre os países avaliados pela Fitch, com reservas internacionais mais elevadas do que os pares, excedentes da balança corrente e riscos de pagamento geríveis devido a um preço ainda favorável do petróleo nos próximos dois anos", escrevem os analistas da Fitch na nota detalhada, consultada hoje pela Lusa.
Entre os principais pontos positivos da economia angolana, esta agência de notação financeira detida pelos mesmos donos da consultora BMI Research destaca os elevados níveis de reservas internacionais e um orçamental globalmente equilibrado, o que reduz as pressões de financiamento.
Pelo contrário, as principais fraquezas são "uma elevada dependência das matérias-primas, bem acima dos outros exportadores petrolíferos africanos, custos elevados do serviço da dívida, uma grande percentagem de dívida pública, representando cerca de 70% do total do volume da dívida, indicadores de desenvolvimento humano e de governação fracos, e uma elevada inflação em relação aos pares".
Sobre a dívida pública, a Fitch antevê uma ligeira subida do rácio da dívida sobre o PIB, que deverá aumentar de 57,3% no ano passado para 60,6% este ano e 64,2% em 2025.
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