Segundo o STEC, na primeira ronda das negociações salariais na semana passada, a CGD demonstrou não reconhecer o papel dos trabalhadores nos lucros que o banco público gera ao propor aumentos de 3%.
"Desça à terra quem estava convencido que os seus sacrifícios diários, as horas que trabalha a mais sem qualquer pagamento, o tempo que rouba aos filhos, à família e a si próprio [...], o serviço que leva para casa pela pressão dos objetivos irrealistas que lhe são impostos, os dias em que vai trabalhar sem condições de saúde e medicado para não ser penalizado, porque tudo isso... pouco ou nenhum valor tem", refere o STEC em comunicado, afirmando que na primeira reunião o grupo negociador desvalorizou o papel dos trabalhadores e atribuiu os lucros sobretudo ao aumento dos juros.
Segundo o STEC, a CGD ameaçou ainda "avançar unilateralmente com a atualização salarial que entender", o que considera uma "clara tentativa de desvalorizar e desprezar a contratação coletiva".
Já em 19 de janeiro, o STEC tinha rejeitado "liminarmente" a contraproposta de aumento salarial de 3%, considerando-a "imoral" e "absurda".
O sindicato reivindica um aumento de 7%, no mínimo de 125 euros, justificando com a "perda acumulada de poder de compra que tem afetado gravemente os trabalhadores e reformados da CGD, ultimamente agravado pelo brutal aumento da inflação", e "pelo lucro apresentado pela CGD em 2023".
Estima o STEC que os lucros do banco público terão ultrapassado "folgadamente os mil milhões de euros" em 2023, pois só até setembro já tinha registado lucros de 987 milhões de euros
Já a proposta da CGD é de atualizações de 3% na tabela salarial e nas cláusulas de expressão pecuniária (com exceção de diuturnidades, ajudas de custo e abono para falhas, que ficarão sem aumento). Segundo o banco, esse aumento somado a outras progressões salariais (desde logo promoções e prémios) levará a massa salarial a subir 5% em 2024.
Em dezembro, o Governo emitiu um despacho a autorizar as empresas do setor público (em que se inclui a CGD) a aumentar a massa salarial global até 5% em 2024, sendo que a referência por trabalhador é de 3% (o que inclui atualizações salariais, progressões e promoções).
Na quinta-feira há nova reunião entre o STEC e a CGD.
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