"Encontrámos muita contrainformação na senhora ministra, [Maria do Céu Antunes]. Claramente a mensagem não está a ser passada da forma mais correta ou, pelo menos, estão a escudar-se na falta de informação e, portanto, os agricultores não se podiam aliar da sua função na sociedade. Somos os gestores legítimos de grande parte do território nacional", afirmou Ricardo Estrela, do Movimento Cívico de Agricultores, em declarações aos jornalistas, no final da reunião que decorreu no Ministério da Agricultura.
Para Ricardo Estrela ficou claro que este movimento "faz todo o sentido e tem que existir", lamentando não ter levado do encontro datas concretas para a maioria do pagamento das ajudas anunciadas.
Conforme precisou, no caso das ajudas do segundo pilar (desenvolvimento rural) da Política Agrícola Comum (PAC) estima-se que o pagamento ocorra entre os dias 20 e 24 do corrente mês.
No entanto, no que diz respeito ao primeiro pilar (pagamentos diretos), nos quais se incluem as medidas agroambientais, "a garantia da senhora ministra é que serão pagas assim que os serviços estiverem preparados".
Ainda assim, segundo o movimento, Maria do Céu Antunes expressou a vontade de que as mesmas fossem liquidadas durante o seu mandato.
"Para nós isso não basta. Este movimento nasceu da indignação de todo o setor, somos apenas uma pequena representação e vamos ter que nos unir para mudar o paradigma da agricultura nacional", vincou.
Já reativamente à linha de crédito de 50 milhões de euros, Ricardo Estrela disse que afinal o prazo não vai terminar em 15 de fevereiro, como inicialmente se estimava.
O Governo comprometeu-se assim a estipular uma data que permita aos agricultores aceder a este apoio.
Apesar de sublinhar que o setor precisa de tesouraria, o porta-voz do movimento vincou que recorrer ao crédito não é uma solução para os agricultores.
Ricardo Estrela insistiu que parece existir um "desconhecimento profundo" da ministra da Agricultura face a algumas matérias e, assim, o movimento prometeu que vai continuar a passar a sua mensagem.
Questionado sobre a possibilidade de intensificarem os protestos, o movimento ressalvou que "caberá aos agricultores decidir".
Ainda assim, garantiu que se as verbas não chegarem, rapidamente, aos bolsos dos agricultores, "vamos ter que continuar a nossa luta, voltar às ruas e reivindicar o que é nosso por direito".
À saída do Ministério da Agricultura, Maria do Céu Antunes não prestou declarações.
O Conselho de Ministros aprovou, na quinta-feira, uma resolução com 320 milhões de euros de apoio para o setor agrícola, destinado a atenuar o impacto da seca e da inflação dos custos de produção.
Contactado pela Lusa, na altura, o Ministério da Agricultura e da Alimentação explicou que este montante está inserido no pacote de apoio ao setor, com mais de 400 milhões de euros de dotação, que foi lançado pelo Governo na semana passada.
A restante verba refere-se aos apoios que estão dependentes de "luz verde" por parte de Bruxelas.
Os agricultores portugueses têm vindo a sair à rua desde a semana passada, em ações organizadas por um movimento que se afirma espontâneo.
Estes protestos condicionaram centenas de vias de norte a sul, com tratores parados ou em marcha lenta.
O Governo anunciou um pacote de apoio, com mais de 400 milhões de euros de dotação, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que não travou as manifestações.
Os agricultores, que reclamam a flexibilização da PAC - Política Agrícola Comum, condições justas de trabalho e de concorrência, direito à alimentação adequada e a valorização da atividade, decidiram manter os protestos agendados, justificando que os apoios são "uma mão cheia de nada", tendo em conta que não são definidos prazos ou formas de pagamento.
Desde então, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, tem vindo a reunir-se com associações e confederações representativas do setor.
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