Economia de Moçambique melhor mas não o suficiente para rever 'rating'
A consultora Oxford Economics considerou hoje positivos os desenvolvimentos na economia de Moçambique, mas ainda não suficientes para convencer as agências de notação financeira a melhorarem o 'rating' deste país lusófono africano.
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Economia Oxford Economics
"Apesar da perspetiva económica positiva devido ao desenvolvimento dos projetos de gás natural e aos esforços de consolidação orçamental no âmbito do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI), a capacidade do governo para servir a sua dívida comercial continua a ser uma preocupação, por causa do nível elevado da dívida, a fraca governação e problemas de segurança", escrevem os analistas.
Num comentário à decisão, na segunda-feira, da Fitch Ratings de manter a avaliação sobre a qualidade de crédito de Moçambique em CCC+, o departamento africano da consultora britânica Oxford Economics escreve que "houve desenvolvimentos positivos nas métricas de crédito nos últimos 12 meses, mas não o suficiente para anular as preocupações atuais, e daí a manutenção do 'rating' desde o último trimestre de 2022".
A agência de notação financeira Fitch Ratings decidiu na segunda-feira manter o 'rating' (avaliação do risco de crédito) de Moçambique em CCC+, três níveis acima do Incumprimento, mas ainda abaixo da recomendação de investimento, considerando que continuam a existir "riscos substanciais".
O 'rating' de Moçambique "reflete os elevados níveis de dívida pública, a fraca gestão das finanças públicas, o baixo PIB per capita, finanças externas fracas, fracos indicadores de governação e uma situação de segurança desafiante", escrevem os analistas na nota.
No anúncio da decisão, a Fitch Ratings escreve, por outro lado, que "as robustas perspetivas de crescimento a médio prazo, apoiadas pelo desenvolvimento do setor do gás natural liquefeito, o acordo de 456 milhões de dólares (423 milhões de euros) com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2022 e a natureza concessional da dívida pública externa, com baixos custos do serviço de dívida, dão algum sustento à credibilidade do crédito".
Este país lusófono africano deverá crescer 4,5% em média neste e no próximo ano, com a inflação a cair de 7,3% no ano passado, para 5,9% este ano, o défice a melhorar de 3,2% do PIB em 2023 para 2,6% este ano, e a dívida pública a cair de 96,4% no final do ano passado para 93,6% este ano e 90,2% em 2025.
Apesar disso, notam os analistas, Moçambique "continua em elevado risco de sobre-endividamento, devido ao seu grande peso da dívida face à reduzida dimensão da economia".
O país tem conseguido servir a dívida externa atempadamente, mas "falhou pagamentos na dívida interna de longo prazo e na dívida bilateral, o que levanta preocupações sobre a gestão das finanças públicas por parte das autoridades", escrevem os analistas.
A violência em Cabo Delgado, notam ainda, não desapareceu e pode haver um ressurgimento de ataques nas vésperas das eleições de outubro, o que tem o potencial de levar a novos adiamentos no maior projeto africano de exploração de gás natural.
"Os investidores estão preocupados com mais atrasos nestes projetos, já que as receitas do gás são essenciais para o futuro das finanças públicas de Moçambique", concluem na nota.
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