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José Neves sai, mas Farfetch fica "em ótimas mãos” (e os despedimentos?)

Os despedimentos na empresa vão mesmo avançar, sendo que os trabalhadores portugueses que serão afetados vão começar a ser notificados esta sexta-feira.

José Neves sai, mas Farfetch fica "em ótimas mãos” (e os despedimentos?)
Notícias ao Minuto

07:23 - 16/02/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

Economia Farfetch

O português José Neves anunciou, na quinta-feira, a sua saída da Farfetch, sendo substituído por Bom Kim, do grupo Coupang, que concluiu em janeiro a aquisição do grupo. Numa mensagem dirigida aos trabalhadores, o empresário deixou uma mensagem de confiança e assumiu que foi uma decisão complicada. 

"Depois de 15 anos a sonhar, criar e fazer crescer a Farfetch, esta foi uma decisão difícil, mas acredito que a empresa está em ótimas mãos", referiu José Neves num e-mail que está a ser citado por vários meios de comunicação. "A Coupang tem um historial comprovado e uma profunda experiência no setor do comércio", acrescentou. 

Ainda assim, ao que indica o jornal WWD, José Neves manter-se-á na empresa como consultor.

Despedimentos vão (mesmo) avançar

Como era já esperado, a empresa sul-coreana de vendas online que comprou a Farfetch, a Coupang, confirmou que vão avançar os despedimentos, sendo que os trabalhadores portugueses que serão afetados vão começar a ser notificados esta sexta-feira.

"À medida que avaliamos as principais prioridades e recursos no negócio, tomámos a decisão difícil mas necessária de reduzir o número total de trabalhadores a nível global e funções redundantes", disse um porta-voz ao WWD.

Esta decisão, explicou a mesma fonte, "assegura o futuro da companhia" e a Farfetch poderá "operar a partir de uma posição de força e foco no que fazemos de melhor: entregar experiências excecionais a marcas, boutiques e clientes". 

A Coupang, originária da Coreia do Sul, concluiu a compra dos ativos da Farfetch em janeiro providenciando "acesso a 500 milhões de dólares [466 milhões de euros] em capital" ao grupo fundado por José Neves, de acordo com um comunicado divulgado na altura.

A Farfetch - plataforma de venda de marcas de luxo fundada em 2008 por José Neves, com sede fiscal em Londres e que foi o primeiro 'unicórnio' português ('startup' avaliada em mais de mil milhões de euros) - tem vindo a apresentar prejuízos e recentemente a sofrer grandes perdas em bolsa, após dois anos de lucro em 2021 e 2022, em que beneficiou do 'boom' do comércio online.

No segundo trimestre do ano passado, a Farfetch reportou perdas de 258 milhões de euros (281,3 milhões de dólares), face ao lucro de 62 milhões de euros (67,6 milhões de dólares) do período homólogo, tendo as receitas caído para 526 milhões de euros (572 milhões de dólares, face a 579 milhões no período homólogo) e o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado do grupo piorado para 28 milhões de euros negativos (30,5 milhões de dólares negativos).

A apresentação de resultados da Farfetch relativa ao terceiro trimestre de 2023 estava prevista para 29 de novembro, altura em que se esperavam também novidades ao nível da estratégia e gestão, mas foi desmarcada pela empresa. 

Ainda antes de ser conhecido o acordo, já vinha a ser noticiado que a empresa poderá vir a fazer uma reestruturação com despedimentos que inicialmente apontava para 800 trabalhadores, mas poderia ser alargado para 1.700 ou 2.000 pessoas. Contudo, os planos poderão mudar após o acordo com a Coupang.

Em Portugal tem havido receios de que a situação da empresa possa vir a ameaçar a concretização do projeto imobiliário Fuse Valley, em Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, um investimento de 200 milhões de euros partilhado com a construtora bracarense Castro Group.

Leia Também: Português de saída. José Neves demite-se da liderança da Farfetch

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