"Antevemos agora que a inflação atinja um pico de 28% no final do segundo trimestre, face ao homólogo, e modere a subida para os 20% no final do ano", escrevem os analistas do departamento africano da consultora britânica.
Num comentário sobre a inflação em Angola, que atingiu em fevereiro o valor mais alto em quase dois anos, os analistas escrevem que esta subida terá sido um dos principais motivos para o banco central angolano não ter descido a taxa de juro de referência, na reunião de sexta-feira passada, e ter optado por aumentar a taxa diretora de 18 para 19%.
"A inflação chegou a 24%, e os efeitos da forte depreciação da moeda no ano passado deverão continuar até final deste semestre, ao passo que a continuação da eliminação dos subsídios aos combustíveis deverá continuar a colocar pressão sobre a inflação dos transportes", dizem os analistas na nota a que a Lusa teve acesso.
No segundo semestre, concluem, "a estabilização da moeda nacional num valor de 833 kwanzas por dólar e o declínio nos preços alimentares mundiais deverá ajudar a inflação a abrandar".
Os preços em Angola subiram pelo décimo mês consecutivo em fevereiro, fixando-se nos 24,07% em termos homólogos, o valor mais alto em quase dois anos, e nos 2,58% face a janeiro.
Desde setembro de 2018, quando a variação mensal atingiu os 2,69%, que a oscilação não era tão intensa, sobretudo na província de Luanda, onde os preços aumentaram 3,45% face a janeiro.
Os dados constam na Folha de Informação Rápida divulgada na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola, que dá conta de um forte agravamento dos preços, determinado essencialmente pela classe "Alimentação e bebidas não alcoólicas", com 3,12%.
Saúde (3,06%), "Bens e serviços diversos" (2,89%), "Vestuário e calçado" (2,71%) e "Hotéis, cafés e restaurantes" foram as outras classes de despesa com maior impacto na subida dos preços.
A variação homóloga de 24,07% representa um acréscimo de 12,53 pontos percentuais face ao mês de fevereiro de 2023, tendo sido a classe "Alimentação e bebidas não alcoólicas" a que mais contribui para esta subida.
Em Luanda, onde a variação homóloga foi de 32,61%, a classe "Saúde" registou uma variação de 4,43%, enquanto nas classes "vestuário e calçado", "alimentação e bebidas não alcoólicas" e "bens e serviços diversos" representaram acréscimos de 4,17%, 4,12% e 4,01%, respetivamente.
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