Espanha adquire 3% da Telefonica para "salvaguardar interesses nacionais"
Madrid, 26 mar 2024 (Lusa) - O Estado espanhol adquiriu 3% da Telefonica e tem como objetivo comprar 10% do capital da empresa de telecomunicações, para "salvaguardar as suas capacidades estratégicas" e os "interesses nacionais", disse hoje o Governo de Madrid.
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Economia Telefónica
A compra de até 10% da empresa será concluída "o mais rápido possível" e de forma a "não afetar a cotização" da Telefonica, disse a ministra porta-voz do Governo de Espanha, Pilar Alegría, numa conferência de imprensa em Madrid após o Conselho de Ministros desta semana.
A entrada do Estado no capital da Telefonica "vai proporcionar maior estabilidade acionista" e "salvaguardar as capacidades estratégicas de uma empresa que é estratégica para os interesses nacionais", afirmou a ministra.
Segundo um comunicado da Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI), o estado espanhol adquiriu já 3% da Telefonica, seis meses depois da saudita STC ter entrado de surpresa no capital da empresa, sendo agora o maior acionista da operadora de telecomunicações.
A empresa STC tornou-se no início de setembro na maior acionista da multinacional espanhola Telefonica, tendo logo na altura o Governo de Madrid assegurado que iria zelar pela preservação da "autonomia estratégica" do país face a esta operação.
A STC Group (Saudi Telecom Company), detida em 64% por fundos de investimento públicos da Arábia Saudita, comunicou em setembro às autoridades do mercado de valores de Espanha a aquisição de 9,9% da Telefonica, por 2.100 milhões de euros.
A operação fez-se através da compra de ações da Telefonica equivalentes a 4,9% do capital e de instrumentos financeiros que correspondem a mais 5%.
A Telefonica disse que a operação da STC teve um "caráter amistoso".
Já a empresa da Arábia Saudita garantiu não ter intenção de controlar ou de ter uma participação maioritária na Telefonica e disse que fez um investimento que mostra confiança na equipa que dirige a multinacional e na sua estratégia.
A STC é a maior empresa de telecomunicações da Arábia Saudita e líder no setor no Reino Unido e Médio Oriente.
A concretização da operação na Telefonica dependeu de uma autorização do Governo espanhol e, em concreto, do Ministério da Defesa, por a empresa prestar serviços ligados a atividades da defesa nacional e por estar em causa o controlo de mais de 5% do capital.
"A Telefónica é evidentemente uma empresa estratégica para o nosso país e o Governo aplicará todos os mecanismos que forem necessários, tendo sempre em mente e de forma prioritária, a defesa dos interesses estratégicos de Espanha", disse em 06 de setembro a então ministra da Economia e primeira vice-presidente do Governo, Nadia Calviño.
A ministra acrescentou que o Governo iria analisar a operação e a eventual aplicação, em caso de se justificar, de mecanismos adotados nos últimos anos pelo executivo "com o objetivo de proteger os interesses estratégicos de Espanha, mas ao mesmo tempo continuar a ter o país como um polo de atração de investimento estrangeiros".
Calviño referia-se a legislação adotada por Espanha para proteger empresas consideradas estratégicas que ficaram fragilizadas com o impacto da pandemia de covid-19.
Em dezembro passado, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que o Estado voltaria a entrar no capital da Telefonica, o que se concretizou esta semana.
A Telefonica voltou assim a ter capital público pela primeira vez desde 1997, quando foi privatizada.
A empresa teve prejuízos de 892 milhões de euros em 2023, por causa do impacto de um programa de rescisões para corte de pessoal e de uma operação no Reino Unido.
Em 2022, a multinacional espanhola tinha tido lucros de 2.011 milhões de euros.
No ano passado, a empresa teve prejuízos, apesar de ter aumentado a faturação, que alcançou 40.652 milhões de euros (mais 1,6%).
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