A taxa de juro aplicável às principais operações de refinanciamento mantém-se em 4,5% e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito ficam em 4,75% e 4,00%, respetivamente.
Apesar de manter as taxas de juro nos níveis atuais, o discurso do banco central mudou e a instituição mostra-se aberta a reduzir o atual nível restritivo da sua política monetária se a inflação continuar a cair, depois de ter baixado duas décimas em março, para 2,4%.
"Se a avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária reforçar a confiança do Conselho do BCE de que a inflação está a convergir para o objetivo de forma sustentada, seria apropriado reduzir o atual nível de restritividade da política monetária", refere o comunicado divulgado no final da reunião.
Em conferência de imprensa, a líder do BCE, Christine Lagarde, insistiu que em junho haverá "mais informação e mais dados", além de novas projeções económicas, o que pode levar a uma mudança de rumo na política monetária.
Lagarde reiterou que as decisões do BCE vão continuar a depender dos dados e serão tomadas reunião a reunião, não se comprometendo "antecipadamente com uma trajetória de taxas concretas".
A presidente do banco central indicou, no entanto, que alguns membros do Conselho de BCE se sentiam confiantes para começar já a cortar as taxas de juro e que a decisão de as deixar inalteradas não merecia unanimidade.
"Alguns membros (...) sentiam-se suficientemente confiantes com base nos dados limitados que recebemos em abril. Eram apenas alguns e concordaram em unir-se ao consenso de uma maioria muito ampla dos governadores que se sentiam cómodos com a necessidade de reforçar a confiança quando recebermos mais dados em junho", explicou Lagarde.
A presidente do BCE também tentou distanciar-se da Reserva Federal (Fed) norte-americana, ao assegurar que o BCE depende de dados para definir a sua política monetária e não do que o banco central norte-americano faz, apesar de considerar importante o que ocorre nos outros países.
As declarações da presidente do BCE foram feitas depois de ter sido anunciado na quarta-feira que a inflação acelerou em março nos Estados Unidos, o que pode comprometer uma descida das taxas de juro da Fed que era esperada para junho.
A presidente do BCE disse ainda que a origem da inflação nos Estados Unidos e na zona euro foi diferente, o mesmo sucedendo com a resposta política ou a dinâmica dos consumidores, pelo que as medidas têm sido diferentes.
Neste sentido, Lagarde recusou especular sobre as possíveis decisões de política monetária que possam ser adotadas pela Fed depois de ter sido confirmado que a inflação nos Estados Unidos subiu três décimas em março, para 3,5%.
No caso da zona euro, o BCE espera que a inflação tenha a sua evolução "em torno dos níveis atuais nos próximos meses", o que significa que a sua queda não será linear, mas diminuirá até atingir a meta de 2% no próximo ano.
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