FMI espera "aterragem suave" da economia europeia (que não é garantida)

O diretor do FMI para a Europa disse hoje esperar uma "aterragem suave" da economia europeia, mas alertou que não é garantida, e estima que a meta de inflação do BCE seja alcançada no primeiro semestre de 2025.

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Lusa
20/04/2024 09:18 ‧ 20/04/2024 por Lusa

Economia

FMI

Em entrevista à agência Lusa, o responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI) Alfred Kammer sinalizou a expectativa de uma recuperação contínua da economia na zona euro.

"Iremos assistir a uma aterragem suave na Europa de forma mais generalizada e não apenas na zona euro. Isto é bastante notável, na verdade, devido os grandes choques que tivemos ao longo dos últimos anos e que tiveram uma formidável resposta política das autoridades nacionais, mas também da Europa", disse.

No entanto, alertou que "uma aterragem suave não é garantida", porque "ainda há muita coisa que pode correr mal".

"Quando se olha para os mercados de trabalho estes estão robustos. Irão abrandar um pouco, mas precisam de continuar fortes. Não demasiado fortes, porque se continuarem demasiado fortes, os salários irão aumentar muito rápido, o que teria um impacto ascendente sobre a inflação", apontou.

Por outro lado, um mercado de trabalho demasiado fraco irá afetar a procura do consumo, assinala o diretor do FMI para a Europa.

Entre os riscos, indica ainda as perturbações nas cadeias de abastecimento, embora estejam a diminuir, e a guerra da Ucrânia e no Médio Oriente.

Para Alfred Kammer, é esperado que "o esforço de desinflação continue" e a zona euro atinja a meta de inflação [do Banco Central Europeu (BCE)] de 2% no primeiro semestre de 2025".

Nas previsões económicas divulgadas esta semana durante as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, que decorreram em Washington, nos EUA, a instituição liderada por Kristalina Georgieva apontou para uma redução da taxa média de inflação de 5,4% em 2023 para 2,4% em 2024, caindo para 2,1% em 2025 e 2% em 2026.

"Vemos uma recuperação contínua na economia, que irá acelerar este ano e no próximo ano", realçou Alfred Kammer.

O FMI espera que o consumo comece a impulsionar a recuperação este ano, já que com a inflação a cair e os salários nominais a aumentar, tem a expectativa de que o poder de compra aumente e os rendimentos reais cresçam.

Paralelamente, com a taxa de inflação a cair é esperado que o BCE inicie um ciclo de flexibilização, com uma redução das taxas de juro, o que, segundo Alfred Kammer, irá permitir "um impulso" do investimento, contribuindo para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Europa de 1,6% este ano e da zona euro de 0,8% esperado pelo FMI no relatório de previsões económicas para a região.

Alfred Kammer realça que "a Europa tem feito um trabalho notável com respostas políticas ao longo dos últimos anos", dando como exemplo a resposta à crise pandémica com o Next Generation UE.

"É importante salientar que as reformas estruturais já começaram. São fundamentais para o crescimento da produtividade na Europa e devem ser prosseguidas também no futuro", refere.

Contudo, sublinha que em termos de produção e PIB 'per capita' a Europa está atrás dos EUA, porque a produtividade é inferior à norte-americana.

"A Europa precisa de recuperar o atraso para aumentar o nível de vida dos seus cidadãos. Isto significa que precisamos de mais reformas para o conseguir", frisou o diretor do FMI para a Europa.

Leia Também: Trocar dívida por investimento climático é "complemento" e não solução

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