"Acordo" entre PS e PSD seria benéfico para crescimento económico
O professor de Economia na Universidade de Nova Iorque e colaborador da AESE Luís Cabral defendeu hoje que seria benéfico um acordo de princípio entre o PS e PSD, de forma a criar estabilidade sobre temas centrais da economia.
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Economia crescimento económico
Em entrevista à Lusa, o professor de Economia na Universidade de Nova Iorque (NYU) e colaborador na AESE Business School considerou que há alguns entraves ao crescimento da economia portuguesa "em que seria possível chegar a um acordo de princípio" entre os dois maiores partidos com representação parlamentar.
"Por ser um governo minoritário, seria bom que este Governo tivesse essa mentalidade. Muitas destas reformas não podem ser umas reformas de governo, têm de ser umas reformas de regime", disse.
Segundo Luís Cabral, este acordo "poderia ter uma natureza ou de acordo político ou até de algo com reflexo legal entre o Partido Social-Democrata (PSD) e o Partido Socialista (PS)" com o objetivo de "criar uma certa estabilidade para atacar diretamente" os "problemas que têm entravado o crescimento da economia".
Luís Cabral, que esteve em Portugal para apresentar a sessão 'Por que motivo não cresce a economia portuguesa?', no âmbito da primeira edição de 2024 do Observatório de Economia & Finanças da AESE Business School, apontou como exemplo a criação de uma agência independente de avaliação de legislação e o mercado de habitação em Portugal, cujo principal problema considera ser o arrendamento.
"É um mercado que funciona muito mal. Porque é que funciona muito mal? Porque a cada dois anos, cada novo governo, as coisas vão mudando um bocadinho. Se é um governo mais socialista, fica mais favorável ao inclino. Se é um governo mais PSD, fica mais favorável ao senhorio. As coisas vão mudando um bocadinho ao longo desta dimensão", apontou.
Na prática, criou-se durante as últimas décadas um clima de instabilidade jurídica, que é prejudicial, indica.
"Esse seria um aspeto em que se dizia vamos fazer aqui um acordo... dizer: 'olha, há aqui umas certas balizas, nós não vamos sair daqui'. Não sei como é que isso se faz legalmente, não sei. Não quero que seja uma alteração da Constituição, mas tem de ser assim um acordo político, talvez com forma legal, não sei isso muito bem", refere.
O economista reconhece que "são dois partidos com dois objetivos diferentes", mas recorda Diogo Freitas do Amaral, um dos fundadores do CDS- PP que aceitou integrar um governo PS, quando dizia: "Temos grandes divergências, mas também temos aspetos comuns. Queremos o melhor para o país, e, portanto, se um vai para Viseu e outro vai para o Porto, vamos juntos até Coimbra".
"Acho que há muito da economia portuguesa hoje em dia que tem essa natureza, nomeadamente no que corresponde ao Partido Socialista e ao Partido Social-Democrata", argumenta.
Questionado sobre as perspetivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Governo, o economista considera que "não são objetivos, são esperanças".
"Se estamos a falar de uma questão de previsões, francamente, a resposta é que não sei. Acho que as pessoas dizem que sabem, de facto, não sabem, porque previsões a nível macroeconómico são muito difíceis, e, especialmente a um prazo tão grande como um ano", considera.
Para Luís Cabral, são sistemas que "envolvem o comportamento de milhões de agentes a um prazo tão longo que é como prever o tempo".
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