Sindicato faz "balanço muito positivo" do 1.º período de greve na Efacec
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras e Energia do Norte (SITE-Norte) fez hoje um "balanço muito positivo" do primeiro período de greve na Efacec, que pretende ser "um grito de alerta" em defesa dos postos de trabalho.
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Economia Efacec
"Até a nós nos surpreendeu o nível de adesão que tivemos. Estiveram perto de 200 trabalhadores cá fora, em frente à unidade de Matosinhos, na Arroteia", afirmou Miguel Ângelo, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte), em declarações à agência Lusa.
Segundo salientou, a greve -- de duas horas por turno e que decorre hoje, na quarta e na sexta-feira - abrange também a unidade da Maia da Efacec, "de onde veio um autocarro quase cheio com trabalhadores".
"Foi algo que também nos agradou muito. Pela primeira vez, tivemos uma grande adesão do pessoal da Maia, assim como das unidades de Engenharia e Mobility, um tipo de trabalhadores diferentes dos da Arroteia, que são sobretudo de chão de fábrica", enfatizou.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da Efacec disse que a empresa "não vai comentar ainda" o protesto.
Embora admitindo que a "grande adesão dos trabalhadores de chão de fábrica" tenha comprometido a laboração, Miguel Ângelo referiu que o objetivo de uma greve como esta, de apenas duas horas por turno, "não é causar impacto em termos de produção".
"Esta greve foi um grito de alerta, para os trabalhadores mostrarem o seu descontentamento", sustentou.
Relativamente ao despedimento coletivo na empresa, o dirigente do Site-Norte refere que os dados oficiais apontam para um total de 20 trabalhadores da Efacec Engenharia abrangidos: "Este é o balanço que o sindicato tem neste momento, embora haja quem diga que haverá mais. Depois, há as rescisões por mútuo acordo, e sabemos que há muita gente que tem aceitado as rescisões, mas alguns aceitam e nem dizem nada a ninguém", afirmou.
De acordo com Miguel Ângelo, o sindicato reuniu-se na semana passada com o departamento de Recursos Humanos da Efacec, para ver se a empresa "apresentava algumas condições para responder aos objetivos da greve".
"Se eles nos apresentassem um número em termos de aumento salarial e se assumissem que, durante este próximo ano, não ia haver intenções de despedimento, em vez da greve fazíamos plenários. Mas, como não assumiram esse compromisso, mantivemos a greve, e bem, porque hoje os trabalhadores deram uma boa resposta", referiu o dirigente sindical.
Segundo detalhou, "no início da reunião a responsável dos Recursos Humanos deu uma palavra de confiança, principalmente na área dos transformadores, dizendo que há muito trabalho", mas prosseguiu dizendo que "o novo acionista assume que há desequilíbrios na empresa e que, portanto, provavelmente vai continuar a haver reestruturações".
Neste contexto, o sindicato mantém a greve, que se repetirá hoje no turno da tarde e prosseguirá na quarta e na sexta-feira.
"Depois disto, vamos marcar plenários para ouvir outra vez os trabalhadores", rematou Miguel Ângelo.
A greve na Efacec é apresentada pelo Site-Norte como um "grito de alerta" na defesa dos empregos e da importância estratégica da empresa e abrange também todo o trabalho extraordinário durante o corrente mês. Os trabalhadores exigem a negociação do caderno reivindicativo, a defesa dos empregos e a continuidade da Efacec enquanto empresa estratégica.
Nos dias em causa, os trabalhadores vão estar concentrados das 08h30 às 10h30 e das 17h00 às 19h00, em frente às instalações da empresa em Matosinhos.
"Esta greve aprovada pelos trabalhadores é um 'grito de alerta' para afirmarem que não ficam impávidos e serenos enquanto o futuro da empresa e os seus postos de trabalho podem estar a ser postos em causa", apontou o sindicato, recordando que o fundo Mutares avançou com um despedimento coletivo na Efacec Engenharia em abril.
O Estado vendeu a totalidade da Efacec (nacionalizada em 2020) ao fundo de investimento alemão Mutares.
No âmbito da venda, o Estado acordou injetar 160 milhões de euros na empresa e o Banco de Fomento financia em mais 35 milhões de euros, através da compra de obrigações (convertíveis em capital).
A Efacec, que tem sede em Matosinhos, conta com cerca de 2.000 trabalhadores.
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