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Sem porto para mercadorias, população de ilha em Cabo Verde sem recursos

 A suspensão do transporte de mercadorias na ilha cabo-verdiana do Maio, devido ao assoreamento do cais, está a cortar os rendimentos de residentes e a semear incerteza, segundo relatos ouvidos pela Lusa.

Sem porto para mercadorias, população de ilha em Cabo Verde sem recursos
Notícias ao Minuto

14:16 - 06/06/24 por Lusa

Economia Cabo Verde

Quem produz não consegue escoar para fora da ilha, e viver ali fica mais caro.

Gregório Monteiro, ex-presidente da associação para o Desenvolvimento do Maio, referiu que alguns produtos já estão a faltar nas lojas e que vários comerciantes estão a subir os preços.

"O Governo deve intervir, porque a população está a sofrer. Eles têm de assumir as suas responsabilidades, porque um saco vazio não fica de pé", ilustrou.

"Fui comprar ovos a uma loja e não encontrei. Tive que ir a outro lado e estava mais cara. A diferença é grande: antes eram 550 escudos (cerca de cinco euros) e agora são 750 ou 900 escudos (entre seis a oito euros)".

Agostinho Silva, dirigente da associação local Pró-Morro, relatou falta de verduras e outros produtos frescos, uma situação que não é novidade na ilha árida de 6.000 pessoas, 50 quilómetros a leste da capital, Praia (Ilha de Santiago).

Periodicamente, semanas de mar bravo são suficientes para deixar na incerteza o abastecimento de produtos essenciais, feito pelo serviço público de transportes marítimos, concessionado à CV Interilhas.

Desta vez, o porto ficou interdito a mercadorias devido à areia que o mar revolto arrastou para a zona do cais, há cerca de duas semanas.

A CV Interilhas, empresa que opera no serviço de transporte interno marítimo de passageiros e cargas, chamou outro navio e fez na segunda-feira um transporte extraordinário entre a capital, Praia, e o Maio, para despachar mercadorias em espera.

Mas avisou que não está a aceitar mais carga, porque não sabe quando haverá profundidade para o catamarã Kriola voltar a aceder à rampa de descargas da ilha.

Agostinho Silva classificou o assoreamento como resultado de um projeto defeituoso para o qual várias vozes alertaram.

"Na segunda-feira houve verduras que chegaram já estragadas. E não se sabe quando é que isto entrará na normalidade", com transportes que sigam uma programação.

Gregório Monteiro diz que, "nas lojas, percebe-se que os produtos estão a faltar e os empresários não têm certeza de como os trazer. Falei com quatro que estão com falta de 'stock'. Isto é grave", criticou.

"A vida tem ficado mais difícil: vida cara e um salário baixo", acrescentou.

Sem escoar para a capital ou outros destinos, "os pescadores estão a vender peixe abaixo do preço habitual, indo de casa em casa, a pedir para lhes comprar. Um [pescador] estava aqui com um carrinho de mãos cheio de peixes à procura de compradores", descreveu Manuel Martins, presidente da Associação de Pescadores do Maio.

"Esta situação está a prejudicar a minha vida. Estou há 15 dias em casa. A minha profissão é pescar, mas não vale a pena trazer [peixe] para se estragar" e ganhar dinheiro para o combustível do barco.

Valita Mensa, comerciante da ilha, disse à agência cabo-verdiana Inforpress que o assoreamento veio agravar o escoamento de mercadorias que já era difícil: desde o inicio de maio que está a tentar enviar uma encomenda de pescado para a Europa, mas em vão.

Comerciantes dos diversos ramos estão a acumular prejuízos, mas estão com medo de expressar "as suas dores", por receios de "represálias politicas", referiu.

A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da empresa de Portos de Cabo Verde (Enapor) sobre uma operação de desassoreamento anunciada no dia 24 de maio, mas ainda não obteve respostas.

Leia Também: Contas externas de Cabo Verde com evolução favorável no 1.º trimestre

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