A Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) adiantou, esta segunda-feira, que em julho houve um "pequeno arrefecimento da procura" de propriedades, mas "nenhuma quebra significativa", pedindo "cautela" uma vez que ainda não há dados estatísticos sobre o mês.
Esta reação ao Notícias ao Minuto surge depois de o Diário de Notícias avançar que o Alojamento Local (AL) baixou os preços para responder a uma quebra da procura em julho.
Eduardo Miranda, presidente da ALEP, destacou que é "preciso ter alguma cautela", uma vez que "ainda não há dados estatísticos", e fala em "alguma interpretação exagerada do que se está a passar no mercado".
"Efetivamente, em julho houve um pequeno arrefecimento da procura, mas que de alguma maneira já era mais do que esperado", disse o responsável, em declarações ao Notícias ao Minuto, frisando que ocorreu uma final de um Europeu de futebol e começaram os Jogos Olímpicos de Paris.
"No caso do Euro, acabou por ter um impacto ainda maior porque a final acabou por ser entre Espanha e Inglaterra, dois mercados bastante importantes para Portugal. É possível que isto tenha tido algum ligeiro impacto na vinda dos turistas desses países, eventualmente até adiaram a sua vinda e podem vir noutra altura", acrescentou.
Destacando que é "preciso fechar o mês", Eduardo Miranda referiu que outro fator são "as reservas em cima da hora", dado que "cria intepretação errada e ansiedade", especialmente nas zonas de veraneio, "que estavam habituadas a ter logo tudo cheio".
O presidente da ALEP defende que há "algumas mudanças de hábitos", "eventos" e até uma espera para saber se o "clima" é favorável à realização de férias, esperando uma retoma em agosto ou até setembro, que "tem surpreendido pela positiva".
Quanto à baixa de preços, Eduardo Miranda fala numa estratégia de promoção das propriedades. "Acima de tudo é para tentar tornar o anúncio mais atrativo e tentar captar esses clientes de última hora. Toda a vez que se mexe no preço, mesmo que sejam pequenas alterações, é o suficiente para subir no 'ranking' dos anúncios", disse.
"O que temos observado, por 'feedback, é isto. Pequeno arrefecimento, nada significativo, 2%, 3%, 4% e uma questão um pouco mais estrutural, viagens em cima mais do acontecimento", resumiu.
"Portugal tem possibilidade de ser um país, como vinha sendo antes do 'Mais Habitação', pioneiro no sentido de encontrar um equilíbrio"
Interrogado sobre que futuro se espera para o AL, numa altura em que algumas cidades europeias, como é o caso de Barcelona, equacionam o seu fim, Eduardo Miranda pede que haja um "equilíbrio" e deixa críticas às medidas do 'Mais Habitação', já revogadas.
"Portugal tem aqui a possibilidade - e o que esperamos - de ser um país, como vinha sendo antes do 'Mais Habitação', pioneiro no sentido de encontrar um equilíbrio e trazer alguma estabilidade e não cair nestes debates polarizados e populistas de ou é tudo aberto ou acaba com tudo", afirmou.
"Como é óbvio, a atividade do turismo é importante, como é obvio, o AL local é fundamental - em Portugal representa 40% do turismo - como é natural temos de encontrar equilíbrios", acrescentou.
O presidente da ALEP diz agora esperar pela "inciativa legislativa que o Governo prometeu" e que deverá voltar a dar poderes às Câmaras, "ampliando de alguma maneira instrumentos" que as autarquias têm, "para poder gerir o seu território caso a caso".
"No caso de Barcelona, o que passou é muito próximo do que se passou com o 'Mais Habitação'. É uma instrumentalização política, usando o AL como um bode expiatório, prometendo em 2028 não renovar nenhuma licença, quando o mandato do autarca acaba em 2027", referiu.
"Aí, estamos muito na linha de governantes que não conseguem dar solução à habitação, ou não têm coragem de dizer que a solução é estrutural e demora alguma tempo, e precisam usar um bode expiatório. E usaram grande parte da argumentação, de toda a lógica do 'Mais Habitação', que já mostrou que era inadequada", completou.
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