Na primeira edição das "Conversas sem Makas", iniciativa do jornalista e economista Carlos Rosado de Carvalho, o ministro Diamantino Azevedo apresentou um exaustivo balanço dos seus dois mandatos com as pastas do petróleo e recursos minerais, desde 2017, e sublinhou que os recursos minerais são "uma bênção".
"Os homens é que os podem transformar numa maldição, de acordo com o uso que lhes derem. O petróleo já deu bastante a esse país", disse o ministro, em declarações aos jornalistas, considerando que Angola deve maximizar a utilização de cada barril de petróleo "fazendo de forma melhor e diferente".
Diamantino Azevedo deu exemplos de setores que Angola pretende desenvolver, como a refinação, a petroquímica ou os fertilizantes, que podem ser outros usos para o petróleo, principal motor da economia angolana, mas, considerou que, para isso, "é preciso uma estratégia bem definida" e implementar um trabalho que considerou não se esgotar no executivo e envolver também os empresários.
A propósito dos objetivos do Governo de estabilização da produção em torno de 1 milhão de barris por dia, disse que o executivo tem conseguido captar investimento, numa altura em que enfrenta cada vez mais desafios, como a concorrência de outros produtores, inclusive em África, e a transição energética.
"O que temos de fazer é estar mais atentos, trabalhar afincadamente com os investidores, criar um ambiente propício para que mais investimentos surjam (...). É um trabalho contínuo que temos de continuar todos os dias", declarou.
No que diz respeito às refinarias, além da de Luanda, afirmou que estão em curso outros projetos em Cabinda, Soyo e Lobito e reconheceu que há algumas dificuldades de financiamento.
"Há dificuldades, umas endógenas, outras exógenas, causadas pelo atual contexto internacional, mas estamos aqui para enfrentar os desafios e levar os projetos a bom porto", frisou.
Além da refinaria de Luanda, que começou a operar na década de 60 e cuja capacidade foi entretanto quadruplicada, o Governo projetou desenvolver uma refinaria no Soyo, entregue ao consórcio norte-americano Quanten, mas que não conseguiu ainda reunir o financiamento necessário.
O Governo tem enfrentado também dificuldades com a refinaria de Cabinda, que foi entregue à Gemcorp, com participação da Sonangol, e teve já várias datas para a inauguração, prevendo-se que no princípio do próximo ano comece de facto a produzir.
Diamantino Azevedo disse que a Sonangol tem "ajudado" no financiamento e chegará o momento em que terá uma conversa com o promotor para rever as condições de participação (atualmente, é de 10%).
Quanto à refinaria do Lobito, a maior, com capacidade para processar 200 mil barris por dia, mas cujas obras foram já diversas vezes interrompidas, pertence atualmente à estatal Sonangol e não resolveu ainda as questões do financiamento.
"Estamos abertos a sócios que queiram ser acionistas e pôr capital", salientou.
O ministro dos Petróleos disse ainda que o terminal oceânico da Barra do Dande vai estar concluído no segundo semestre deste ano e anunciou a intenção de construir uma fabrica de botijas de gás no complexo, que deve acolher também uma parte do projeto de hidrogénio.
O ministro considerou que o terminal, que vai permitir aumentar a capacidade de armazenagem em 300 metros cúbicos, é essencial para poder implementar a lei da reserva de segurança energética do país, sendo complementado com "pequenas armazenagens nas provincias".
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