O relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) às contas da TAP concluiu que há suspeitas de crime na privatização da companhia aérea, que ocorreu em 2015, durante a gestão de David Neelman e Humberto Pedrosa, e recomendou o envio do documento ao Ministério Público (MP). Uma das conclusões indica que a TAP foi comprada com garantias da própria companhia aérea.
Segundo a SIC Notícias, que teve acesso ao documento, o negócio da compra da TAP por David Neelman foi financiado com um empréstimo de 226 milhões de dólares feito pela Airbus, em troca da compra pela companhia aérea de 53 aviões à construtora aeronáutica europeia.
A garantia foi dada pela TAP, que ficou, assim, obrigada a pagar o valor emprestado a Neelman, se o empresário não comprasse os aviões. Desta forma, ficou provado que a TAP foi comprada com o dinheiro da TAP, usando um esquema que permitiu contornar o Código das Sociedades Comerciais, que impede a cedência de empréstimos ou fundos a um terceiro para que este adquira ações próprias.
O negócio, de acordo com a IGF, era do conhecimento da Parpública e do Governo, que, na altura, era liderado por Pedro Passos Coelho, com Maria Luís Albuquerque como ministra das Finanças.
A auditoria concluiu ainda que a TAP, já privatizada, fez um contrato de prestação de serviços com uma empresa de David Neelman, que teve como objetivo o pagamento de remunerações e prémios, no período de 2016 a 2020, a membros do Conselho de Administração da TAP SGPS, no montante de 4,3 milhões de euros.
A auditoria às contas da TAP foi pedida em outubro de 2023 pelo então ministro das Finanças, Fernando Medina, após uma recomendação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à companhia aérea.
Recorde-se que neste momento a TAP é detida a 100% pelo Estado, mas o Governo de Luís Montenegro já disse que quer acelerar a privatização.
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