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Mosteiro trapista de Palaçoulo em Miranda do Douro inaugurado na 4ª feira

O mosteiro trapista de Santa Mãe da Igreja, em Palaçoulo, Miranda do Douro, está concluído e será inaugurado na quarta-feira, uma obra que custou cerca de seis milhões de euros e levou cinco anos a ser concluída.

Mosteiro trapista de Palaçoulo em Miranda do Douro inaugurado na 4ª feira
Notícias ao Minuto

22/10/24 09:40 ‧ Há 3 Horas por Lusa

Economia Miranda do Douro

O complexo religioso que obedece a um projeto clássico de um mosteiro cisterciense, com uma planta quadrada com um claustro ao seu redor, foi construído no sítio do Alarcão, a cerca de três quilómetros da aldeia de Palaçoulo, no distrito de Bragança.

 

O mosteiro foi fundado por 10 monjas italianas, que pertencem à Ordem Cisterciense de Estrita Observância (Trapista) de Vitorchiano, na região de Lácio, em Itália, e três portuguesas - uma noviça e duas postulantes - que ali residem.

"É verdade que a construção da hospedaria [casa de acolhimento] começou há cinco anos e seguiram-se as obras do mosteiro. Fomos duas, as monjas, as primeiras que aqui chegámos, há quatro anos. No início, entrámos duas monjas e depois vieram as seguintes e ficámos alojadas na hospedaria. Agora, passámos a morar em definitivo no mosteiro em regime de clausura", explicou à agência Lusa a madre superiora, Giusy Maffini.

Para a monja, para além do envolvimento com Deus, há também uma relação de proximidade com o território.

"Nós deixámos a nossa vila social em Itália, para entrar dentro deste mosteiro. O ambiente de mosteiro é feito por uma comunidade, com as suas relações e forma de vida próprias. Portanto, a perceção de ter deixado uma terra não cria assim tanto transtorno. Deixámos a nossa casa, mas o mundo é a nossa família", vincou a religiosa.

Giusy Maffini disse ainda não estranhar a mudança, justificando que há muitas semelhanças entre Portugal e Itália.

"Eu sei que as minhas irmãs que partiram antes de mim para países como as Filipinas, Indonésia ou para a América Latina, encontraram muito mais diversidade e maiores desafios para enfrentar. De facto, Portugal é algo que encontramos muito perto de nós", enfatizou à Lusa, a monja trapista.

Para além da toda a componente religiosa na construção deste empreendimento, há também uma participação da sociedade civil, como é o caso do município de Miranda do Douro que facilitou na parte mais burocrática do projeto.

"Aconteceu uma grande mudança para nos acolherem. Contudo, os maiores recursos chegaram pela Ordem Cisterciense de Estrita Observância (Trapista) de Vitorchiano e por outras pessoas que partilham connosco a visão de fé, o que permitiu fisicamente estas obras", salientou Giusy Maffini.

O complexo monástico tem capacidade para 40 monjas e será "orientado para a contemplação e culto divino dentro do recinto e segundo a regra de São Bento", sendo suportado integralmente pela Ordem formalmente designada Cisterciense da Estrita Observância.

Ana Cecília, de 27 anos, uma ex-técnica de farmácia, é uma das três novas monjas, ainda com o estatuto de noviça, que entrou para o mosteiro Trapista de Santa Mãe da Igreja, em Palaçoulo.

Esta jovem monja, oriunda de Alverca do Ribatejo, no distrito de Lisboa, contou à Lusa que este despertar de vocação surgiu após um retiro feito na casa de acolhimento do mosteiro Trapista de Palaçoulo, onde se fazia acompanhar por um grupo de amigos.

"No final da pandemia de Covid-19 resolvi fazer um retiro com um grupo de amigos, e, como não havia um sítio para onde ir, resolvemos vir a Palaçoulo, para junto das monjas. Foi uma ideia do meu irmão que já conhecia as monjas e foi assim a primeira vez que tive contacto com esta comunidade", explicou.

Ana Cecília disse que, durante o seu retiro, e em conversa e convivência com as monjas, foi onde se apercebeu de "uma familiaridade muito grande, que não se podia explicar com esta comunidade" e há dois anos é um das três novas monjas portuguesas que abraçou este desígnio.

Todo o empreendimento religioso ocupa uma área de 30 hectares de terrenos que foram cedidos, permutados ou comprados pela Paróquia de S. Miguel de Palaçoulo.

A paisagem do sítio do Alacão foi claramente modificada ao longo dos últimos cinco anos e, no seu ermo, depressa se vislumbra este mosteiro e a casa de acolhimento, que, com deslocação das monjas para a vida monástica, este edifício ficou disponível para o turismo religioso. Os caminhos agrícolas deram lugar a uma estrada alcatroada para facilitar as deslocações para quem se dirige para o complexo monástico.

Após 382 anos da extinção do Mosteiro de Castro de Avelãs, no concelho de Bragança, agora ergueu-se um novo mosteiro feminino em Palaçoulo, que "é sinal de coragem, de confiança e pode ser um sinal de esperança para a região", vinca aquela ordem e a diocese de Bragança-Miranda.

O mosteiro trapista de Santa Mãe da Igreja é o primeiro em Portugal, desta ordem religiosa.

Para o presidente da Junta de Freguesia, Gualdino Raimundo, para além da gratidão pela escolha que foi feita pelas monjas trapistas para a construção do mosteiro e casa de acolhimento nesta aldeia de Palaçoulo, este complexo religioso trouxe mais movimento.

"Esta aldeia já era conhecida pela sua dinâmica empresarial, agora temos uma rota de fé e turismo religioso, que ajuda a dinamizar esta freguesia e todo o Nordeste Transmontano", vincou o autarca.

Para a presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, este mosteiro significa um investimento "enormíssimo no concelho e no território, que são sempre bem-vindos", sejam eles de que carizes forem, uma vez que trazem consigo desenvolvimento económico e social.

"Esta é uma obra que veio para ficar e que estou convencida que vai atrair movimento turístico e religioso, o que começamos a sentir neste concelho para conhecer este novo mosteiro e toda a sua envolvência", disse a autarca social-democrata.

A diocese de Bragança-Miranda prepara-se para a inauguração do Mosteiro de Santa Maria Mãe da Igreja, em Palaçoulo.

Segundo o atual bispo diocesano Nuno Almeida, esta iniciativa surgiu no contexto do centenário das aparições de Fátima e foi proposta por José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda na época, e atualmente arcebispo primaz da arquidiocese de Braga, que descreveu o projeto "como uma realização divina, acolhida pela diocese".

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