"Dada a publicidade que se tem feito a nível internacional dos tumultos, não temos dúvidas que os turistas que escolheram Moçambique como destino para quadra festiva poderão cancelar. Isto colocará em causa a perspetiva de chegada dos 360 mil turistas na quadra festiva e possíveis perdas de receitas em cerca de 50 milhões de dólares [46 milhões de euros]", adiantou o presidente do CTA, Agostinho Vuma.
Estas ações têm um impacto negativo na imagem do país, o que "desestimula investimentos e coloca a economia nacional em posição de risco", alertou a confederação.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou na terça-feira dois dias de paralisação e manifestação "pacífica" nacional em Moçambique a partir de quinta-feira, dia previsto para o anúncio dos resultados das eleições gerais, realizadas a 09 de outubro, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
"Vamos sacrificar dois dias das nossas vidas para que todos nós nos manifestemos. E não precisamos de informar a polícia, o município", anunciou Venâncio Mondlane.
"O país nestes dois dias deve ficar parado", afirmou.
Em conferência de imprensa em Maputo, o setor empresarial disse que tem "razões suficientes" para pedir o fim das paralisações, defendendo que as empresas poderão registar perdas de receitas num contexto em que "não terão opções de se financiar para recuperação".
A CTA "reconhece que a greve é um direito constitucional", contudo entende que "o recurso à greve deve ser o último artifício, aquele que deve ser usado quando não há mais nenhuma condição de negociação e quando os interesses populares, ou dos trabalhadores, estão sendo verdadeiramente violados", disse Agostinho Vuma.
O responsável defendeu ainda um "não à greve", alertando que as referidas paralisações e manifestações estão a impactar negativamente na imagem do país, o que "desestimula investimentos e coloca a economia nacional em posição de risco".
"Instamos todas as forças políticas, candidatos, sindicatos e servidores ao cumprimento do dever de considerarem outras formas de pressão e de reivindicação que não provoquem impactos tão negativos na vida da população", apelou.
"É necessário buscar soluções que respeitem os direitos dos trabalhadores, mas também levem em consideração o bem-estar coletivo e a necessidade de serviços públicos e privados eficientes e acessíveis", concluiu com apelos às instituições do Estado para "agirem" para "assegurar a lei, ordem e tranquilidade públicas".
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou hoje a que não se faça de "uma tragédia, que foi o assassinato bárbaro de dois compatriotas" um "rastilho para infringir mais sofrimento a outros compatriotas", num discurso em Maputo.
"Não façamos de uma tragédia, que foi o assassinato bárbaro de dois compatriotas, repudiado por todos os moçambicanos, por todo o mundo, pelo Governo, não façamos isso um rastilho para infringir mais sofrimento a outros nossos compatriotas, que poderão ver limitada a sua busca diária e incessante do seu sustento", afirmou o chefe de Estado moçambicano.
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