Aumento das pensões? "Significa alguma irresponsabilidade"

A antiga ministra das finanças, Manuela Ferreira Leite defende que o aumento das pensões, em 1,25 pontos percentuais, "significa alguma irresponsabilidade e significa especialmente não tomar em consideração uma vez por todas qual é que é o interesse do país, o interesse das pessoas, o interesse do futuro, em vez de ser apenas a questão da popularidade dos votos".

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Notícias ao Minuto com Lusa
28/11/2024 23:02 ‧ há 2 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Pensões

A antiga ministra das finanças Manuela Ferreira Leite vê como "bastante preocupante" o aumento das pensões.

 

"É com certeza algo de bastante preocupante em termos de uma tomada de decisão desta natureza. Isto é, qualquer governo responsável não tem condições para poder tomar uma decisão destas sem grandes riscos. Eu não tenho nenhuma dúvida, nenhuma, de que nenhum ministro socialista - ou o Doutor Centeno ou o Doutor Medina - algum dia na atual situação eles tivessem tomado esta medida", afirma

Em declarações na SIC Notícias, esta quinta-feira, Manuela Ferreira Leite defende que "a imprevisibilidade e a insegurança no futuro é algo que deveria dar para não se tomar uma medida desta natureza que, evidentemente, pode pôr em causa várias coisas, nomeadamente, o equilíbrio das contas" e que, apesar de ser "evidente que todos defendem aumentar as pensões", refere que a medida "fica fixa e caso a situação piore, não haja capacidade para o fazer, vai ter de o fazer com sacrifício para todo o sistema".

Nas votações na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), foi aprovado um aumento adicional das pensões em 1,25 pontos percentuais, proposto pelo PS, com voto contra de PSD e CDS-PP.

A decisão, para Manuela Ferreira Leite, "significa alguma irresponsabilidade e significa especialmente não tomar em consideração uma vez por todas qual é que é o interesse do país, o interesse das pessoas, o interesse do futuro, em vez de ser apenas a questão da popularidade dos votos. Acho que já devíamos ter uma democracia suficientemente madura para que o interesse do país estivesse acima do interesse partidário".

A antiga ministra das Finanças, recorda que o Governo de António Costa, na altura da inflação, "não se atreveu" e "não arriscou a fazer um aumento imediato relativo às pensões" em virtude da obrigatoriedade da lei de atualização das pensões.

"O problema básico nesta questão é que, ou se dava algo que saía fora daquilo que era legal - que é aumentar de acordo com a taxa de inflação e agora se tiver margem dou. Outra coisa é meter este aumento no sistema financeiro ou no sistema da Segurança Social. Portanto, ao ter metido não sabemos se vamos entrar nalguma crise, se vamos entrar numa situação de inflação, o que é que vai acontecer. E temos motivos muito fortes para não conseguir fazer essa previsão com segurança. E aí a base passou a ser maior e portanto qualquer aumento tem um efeito muito superior. Portanto pode não ter efeito este ano, mas não se sabe o que vai acontecer daqui a um ano ou dois”.

"Depois alguma medida vai ter de ser tomada - uma mais gravosa - e portanto ficará com o ónus quem tiver de a tomar”, reitera Manuela Ferreira Leite. 

Recorde que, em causa, está uma subida extraordinária das pensões até três indexantes de apoios sociais (IAS) que vai somar-se ao valor da atualização regular de janeiro contemplada na lei, com o PS a estimar que sua proposta tem um impacto orçamental de 265 milhões de euros. No entanto, um estudo do impacto da medida, pedido pelo PSD à Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) indica que este aumento extra terá um incremento na despesa com pensões de 273,8 milhões de euros.

Leia Também: OE2025. Aprovado aumento extraordinário e permanente das pensões

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