O inquérito anual sobre a confiança das empresas, publicado hoje pela Câmara de Comércio Alemã na China, revelou que apenas 15% dos inquiridos viram melhorias nas suas indústrias, em 2024, o valor mais baixo desde 2018, enquanto 55% observaram uma deterioração em comparação com o ano passado.
Apenas 32% das empresas inquiridas disseram esperar um desenvolvimento positivo das suas indústrias em 2025 - outro valor baixo - enquanto 29% antecipam uma deterioração.
O inquérito, realizado entre 03 de setembro e 08 de outubro, revelou também uma falta de confiança na economia chinesa. Três quintos dos inquiridos afirmaram que as condições económicas tinham piorado em 2024 e apenas um quarto disse esperar uma melhoria no próximo ano.
As 546 empresas inquiridas, mais de metade das quais pertencentes aos setores das máquinas e equipamentos industriais ou automóvel, classificaram a fraca procura no país e a pressão dos preços como os seus dois principais desafios comerciais.
A concorrência local feroz é outro fator, com 55% das empresas alemãs a esperarem que os concorrentes chineses se tornem líderes da inovação industrial dentro de cinco anos, incluindo 8% que afirmam que já é esse o caso. Ambos os valores aumentaram em relação ao ano passado.
Em resposta à evolução do mercado e do ambiente regulamentar, as empresas alemãs que operam na China têm tentado adotar estratégias de localização mais eficazes, com 40% a afirmar que operam agora de forma mais independente das suas sedes, contra 28% no ano passado.
As empresas britânicas que operam na China expressaram preocupações semelhantes, mas também apontaram oportunidades para ajudar as empresas chinesas a expandir-se no estrangeiro, de acordo com um inquérito publicado pela Câmara de Comércio Britânica na China na terça-feira.
A percentagem de inquiridos que descreveram as suas perspetivas de negócio para o próximo ano como otimistas caiu de 46% para 41%, enquanto a dos que se disseram pessimistas se manteve inalterada em 29%.
Apenas 33% das empresas previram que as receitas vão aumentar em 2024, em comparação com 45%, em 2023. Menos de um terço (32,8%) das empresas afirmaram que a China é uma prioridade elevada para os seus planos de investimento globais, em comparação com 41% no ano passado.
Por outro lado, 58% dos inquiridos afirmaram que fazer negócios na China foi mais difícil este ano do que no ano passado, ligeiramente abaixo dos 60% do inquérito do ano passado. A percentagem de empresas que estão a considerar reduzir o investimento caiu de 13% para 8%, enquanto as que estão indecisas subiu de 11% para 16%.
"A era do otimismo sem limites e do investimento simplesmente devido ao 'potencial de mercado' acabou", afirmou Julian Fisher, presidente da câmara. "As empresas britânicas, como demonstram os dados do inquérito deste ano, entraram numa nova fase do seu envolvimento com a China: o pragmatismo".
As empresas de serviços profissionais, que incluem empresas de consultoria e escritórios de advogados e que representam cerca de 30% do total de inquiridos, "demonstram um claro enfoque em permitir que as empresas chinesas se expandam globalmente", de acordo com o inquérito. Sessenta e um por cento das empresas de serviços britânicas veem potencial de crescimento no apoio às empresas chinesas que se estão a tornar globais.
No total, o inquérito teve 311 inquiridos e foi realizado entre 23 de setembro e 04 de novembro.
Os resultados do inquérito surgem num momento em que as fricções comerciais entre Pequim e Washington devem agravar-se, com o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a prometer novas taxas sobre as importações oriundas da China e de outros países. A Comissão Europeia também impôs recentemente taxas mais elevadas sobre os veículos elétricos chineses.
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