Depois do impacto negativo durante a pandemia, que obrigou os aviões a permanecerem em terra, em 2024 a atividade global de viagens continuou a crescer a um ritmo acelerado, embora os lucros das empresas de aviação tenham diminuído ligeiramente em comparação ao desempenho registado em 2023, apontou a agência de notação financeira numa análise sobre o setor.
Uma situação explicada "pelo aumento dos custos operacionais, a descida das receitas por passageiro" e "problemas na cadeia de abastecimento", explica a DBRS.
Tendo em conta as perspetivas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) de crescimento de 8% das receitas passageiros-quilómetros (RPKS), a agência de 'rating' antecipa uma "melhoria modesta" nas margens operacionais do setor em 2025 devido aos preços mais baixos do combustível, bem como ao crescimento contínuo na procura por viagens aéreas
Porém, alerta que "ainda há incertezas e desafios para o setor", como "um ambiente geopolítico incerto, restrições de crescimento de capacidade e uma frota global de aeronaves envelhecida, que afeta a eficiência do combustível e os custos de manutenção", lê-se no mesmo relatório.
"A atividade global de viagens aéreas deve continuar sua trajetória de crescimento em 2025, e as margens operacionais provavelmente melhorarão devido ao declínio nos preços dos combustíveis, juntamente com a normalização nos aumentos de custos [generalizados], especialmente com a mão-de-obra", detalha a Morningstar DBRS.
Os atrasos nas entregas de aviões, causados pelos problemas de segurança de alguns aviões Boeing que levaram ao cancelamento de várias entregas, devem continuar a impactar o setor este ano, "o que pode afetar os planos de crescimento das companhias aéreas, bem como resultar numa frota envelhecida que exige uma maior manutenção e atrasa os ganhos de eficiência de combustível mais sustentável [SAF]", avisa a agência de 'rating'.
No que toca aos planos de descarbonização do setor, com a Europa a avançar com a obrigatoriedade de incorporação de SAF - produzido com resíduos orgânicos como óleos alimentares orgânicos - a DBRS prevê alguns desafios para as perspetivas de produção deste tipo de combustível nos Estados Unidos sob a administração Trump.
O contínuo crescimento que é esperado nas viagens aéreas também terá impacto nos aeroportos, prevendo-se que em 2025 o tráfego global de passageiros ultrapasse os 10 mil milhões de passageiros, de acordo com a ACI World, entidade que reúne vários aeroportos a nível global.
Para a Morningstar DBRS, face a estas perspetivas, as infraestruturas aeroportuárias provavelmente terão de depender significativamente do recurso a dívida e do aumento de taxas aeroportuárias nos próximos anos para financiar os seus programas de investimento.
Neste campo, a agência de 'rating' acredita que também haverá uma "grande lacuna de financiamento para os aeroportos dos EUA".
Já os aeroportos europeus devem enfrentar "desafios" no aumento das taxas aeroportuárias, ao mesmo tempo que o desempenho financeiro das companhias aéreas europeias está a ser afetado negativamente pelo aumento dos custos operacionais", acrescenta.
"Acreditamos que o tráfego de passageiros em 2025 continuará a crescer a ritmo constante, desde que os fundamentos macroeconómicos permaneçam favoráveis", referiu Valiant Ip.
O responsável da Morningstar DBRS indica ainda que, "à medida que os aeroportos começarem a aumentar os seus gastos de capital em projetos de manutenção e expansão, prevemos que as métricas de crédito dos aeroportos possam começar a sentir os efeitos dos financiamentos adicionais, a menos que haja um aumento inesperado no tráfego de passageiros e/ou receitas."
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