A empresa e o Governo do Mali estão em desacordo há meses sobre aquele que é um dos maiores complexos mineiros de ouro do mundo, num contexto de pressão crescente sobre as empresas mineiras estrangeiras.
No sábado, as autoridades começaram a aplicar uma ordem de apreensão de 'stocks' na unidade de Loulo-Gounkoto, no oeste do Mali, emitida alguns dias antes, segundo a Barrick Gold numa comunicação interna ao pessoal local, consultada hoje pela agência noticiosa France-Presse (AFP).
As autoridades malianas enviaram um helicóptero para o local no sábado para efetuar a apreensão, disse um oficial de segurança à AFP.
A AFP não conseguiu confirmar a quantidade de ouro apreendido, nem o volume e o valor do ouro no local.
Todavia, a Associated Press (AP) noticiou que um gestor sénior da Barrick, que falou sob condição de anonimato, confirmou que três toneladas, avaliadas em 180 milhões de dólares (cerca de 176 milhões de euros), tinham sido apreendidas pelo Governo militar e colocadas na capital, Bamaco.
Segundo o responsável, citado pela AP, o ouro foi retirado de uma mina perto de Kayes, no oeste do país, e transportado por avião e camião para a capital no final do dia de sábado.
Os militares, que tomaram o poder pela força em 2020, procuram obter uma parte maior das receitas geradas pelo complexo subterrâneo e a céu aberto de Loulo-Gounkoto (oeste), do qual a Barrick Gold detém 80% e o Estado maliano 20%.
Há mais de sete semanas que a junta bloqueia o transporte de ouro de Loulo-Gounkoto.
A Barrick Gold tinha dado à junta um prazo até ao final da semana passada para libertar as reservas, sob pena de suspender as operações.
A empresa mantém esta possibilidade na sua nota interna.
Na semana passada, o grupo declarou que empregava 8.000 pessoas e muitos prestadores de serviços locais.
As autoridades malianas já tinham acusado e detido quatro empregados malianos da Barrick Gold no final de novembro. Em dezembro, emitiram mandados de captura nacionais contra o diretor-geral sul-africano da empresa e o diretor-geral maliano do complexo por "branqueamento de capitais".
O Mali, um dos países mais pobres do mundo, que enfrenta também uma crise multidimensional, é um dos principais produtores de ouro em África. Este metal precioso contribui para um quarto do orçamento nacional e três quartos das receitas de exportação.
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