Análise. Tarifas de Trump pesam nos mercados e podem travar crescimento

As tarifas anunciadas pelo Presidente norte-americano Donald Trump provocaram quedas nos mercados financeiros e podem enfraquecer o crescimento global, enquanto o dólar americano beneficia das pressões sobre a inflação, segundo salientam analistas.

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© Chip Somodevilla/Reuters

Lusa
03/02/2025 13:30 ‧ há 2 horas por Lusa

Economia

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Trump anunciou que iria aplicar tarifas de 25% sobre o México e o Canadá (excluindo o petróleo canadiano, sujeito a uma tarifa de 10%) e de 10% sobre a China, o que "causou danos nos mercados financeiros", destacam os analistas da Ebury numa nota de análise.

"Talvez não tenha sido a dimensão das taxas aduaneiras que apanhou os mercados de surpresa, mas sim a rapidez com que serão impostas e a rapidez da resposta retaliatória por parte do Canadá e do México", indicam os analistas, alertando que se trata de "uma guerra comercial total e que, preocupantemente, pode estar apenas a começar, com o Presidente Trump a insinuar que a UE será a próxima a sentir a ira das suas políticas tarifárias".

Existe o receio de que estas tarifas "possam enfraquecer significativamente o crescimento global em 2025", explicam os analistas, o que "cria um ambiente extremamente desagradável para os ativos de risco".

Por outro lado, cria-se também um ambiente favorável para o dólar, "especialmente tendo em conta a ameaça crescente de taxas mais elevadas da Reserva Federal durante mais tempo".

Como destaca Ricardo Evangelista, presidente executivo da ActivTrades Europe, "o dólar norte-americano disparou face às principais moedas logo na abertura dos mercados esta segunda-feira, impulsionado sobretudo pelas apostas dos traders num futuro com maior inflação nos EUA".

Tal acontece porque "a mudança na política comercial da administração norte-americana deverá impulsionar a inflação na maior economia do mundo, obrigando o banco central a manter as taxas de juro elevadas por mais tempo", explica o analista, cenário que favorece o dólar face às restantes moedas.

No entanto, o protecionismo crescente "também gera incerteza sobre as perspetivas de crescimento económico", levando a que os os títulos do Tesouro se tornem mais atrativos, "provocando uma descida das 'yields' --- um fator que pode atuar como um obstáculo para o dólar".

A Xtb salienta igualmente que "os pares cambiais ligados ao dólar americano estão a registar fortes quedas devido à imposição de tarifas comerciais dos Estados Unidos ao México, Canadá e China".

O euro/dólar "tem estado sob fortes pressões de baixa, voltando a testar os valores de 1,0200", sendo que "se o par fechar abaixo de 1,0243, marcará o nível mais baixo desde novembro de 2022", lê-se na nota de análise da Xtb.

Vicent Chaigneau, diretor de Research da Generali AM, parte da Generali Investments, salienta que os investidores vão continuar a observar o dólar como uma "métrica chave" da Trumponomics [economia de Trump], num comentário enviado às redações.

"Políticas comerciais rigorosas estão a reavivar a força do dólar, que, quando extrema, tende a minar as bolsas globais", nota o analista, que sinaliza ainda assim esperança "de uma rápida suspensão das tarifas, à medida que os países visados tomam medidas para resolver as crises do fentanil e da imigração".

Donald Trump assinou no sábado a ordem executiva para a aplicação de taxas aduaneiras aos produtos provenientes do Canadá, do México e da China, para entrarem em vigor na terça-feira.

Trump tinha vindo a ameaçar a imposição de tarifas para garantir uma maior cooperação dos países para impedir a imigração ilegal e o contrabando de produtos químicos, como o fentanil, um opioide que está a provocar vagas de adição importantes nos Estados Unidos.

Os três países disseram que iriam retaliar, sendo que o Canadá já especificou que iria aplicar a mesma tarifa aos produtos norte-americanos. O Canadá e o México estão a trabalhar em conjunto para responder à decisão de Trump.

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