"São taxas que incidem sobretudo sobre as matérias-primas e não somos exportadores de matérias-primas, embora incidam também residualmente sobre outros produtos", afirmou o vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) numa nota escrita enviada à agência Lusa.
Segundo Rafael Campos Pereira, as empresas nacionais do setor exportam cerca de 1.000 milhões de euros para os EUA e, atendendo ao nível de especialização da economia americana, a expectativa do setor é que as empresas daquele mercado "vão continuar a procurar" Portugal "para encontrar fornecedores qualificados e fiáveis".
Ainda assim, enfatiza, "as empresas devem continuar o seu caminho de especialização e acrescentar valor, diversificando também mercados, tal como já tem vindo a acontecer".
Para o dirigente da AIMMAP, a principal preocupação deverá ser "o que se está a passar na Europa e com as políticas que a Comissão Europeia insiste em implementar, aplicando taxas à importação de matérias-primas".
De acordo com Rafael Campos Pereira, esta opção tem "afetado irremediavelmente a competitividade da indústria europeia", já que "a Europa não é autossuficiente no que às matérias-primas se refere".
As tarifas de 25% impostas às importações de alumínio e aço anunciadas pelo novo Presidente dos EUA, Donald Trump, vão entrar em vigor em 12 de março.
"Estou a simplificar as nossas tarifas sobre o aço e o alumínio para que todos entendam o que isto significa. São 25%, sem exceções ou isenções. E isto é para todos os países", disse Trump em declarações aos jornalistas na Casa Branca.
Citando riscos para a "segurança nacional", Trump anunciou, posteriormente, em decretos, a aplicação das novas regras "a partir de 12 de março".
"São abrangidas todas as importações de artigos de aço e derivados de aço provenientes da Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, países da União Europeia, Japão, México, Coreia do Sul e Reino Unido", indica um dos textos.
A outra ordem tem como alvo "todas as importações de alumínio e artigos derivados de alumínio da Argentina, Austrália, Canadá, México, países da União Europeia e Reino Unido".
Em resposta, a Comissão Europeia anunciou que vai avançar com contramedidas a estas tarifas, que considera "más para as empresas e piores para os consumidores".
"As tarifas são impostos, más para as empresas, piores para os consumidores", sublinhou hoje o comissário europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, que considerou ser esta uma decisão em que todos perdem.
Num debate no Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, o comissário disse que Bruxelas está "a analisar o alcance" da decisão e responderá "proporcionalmente com contramedidas".
No debate, Sefcovic salientou que a União Europeia não vê qualquer justificação para a imposição destas tarifas, que considera "economicamente contraproducente".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também condenou a decisão da Casa Branca, em comunicado.
Durante o seu primeiro mandato (2017-2021), o líder norte-americano impôs tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu quotas isentas de impostos a vários parceiros comerciais, incluindo o Canadá, o México, a Austrália e o Brasil.
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