"Numa altura em que diversos indicadores económicos permaneciam estáveis, favorecendo dessa forma o ambiente de negócios no nosso país, a classe política decide mergulhar-nos numa crise de onde ninguém sairá ileso", afirma o diretor-geral da CIP à Lusa, numa resposta escrita.
Num contexto internacional já "pautado pelas disrupções, deliberações unilaterais, movimentos populistas, guerras comerciais ou políticas protecionistas", Rafael Alves Rocha sustenta que o que o país menos precisava era de "um enquadramento nacional assente na suspeição, nos jogos partidários, na política de terra queimada".
"A incerteza, a desconfiança e a imprevisibilidade são anátemas lançados sobre a economia muito difíceis de ultrapassar no médio longo prazo, mas fáceis de impor da noite para o dia", refere.
Lamentando "que as principais forças políticas não tenham sabido evitar uma crise indesejada pelos portugueses", numa altura em que se "exigia coesão, discernimento e responsabilidade", a CIP espera que a "interrupção seja o mais curta quanto permita o tempo político".
Até porque, enfatiza, "o interregno que viveremos com um Governo limitado na sua capacidade de ação poderá levar ao adiamento de importantes decisões de investimento".
O Presidente da República admitiu na quarta-feira eleições antecipadas em maio, no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança - hoje já aprovada em Conselho de Ministros - que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que "não foi avençado" nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
Se a moção for rejeitada na quarta-feira no parlamento, Marcelo convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado "para dois dias depois", admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.
Leia Também: Prémio Nobel da Paz 2025 recebeu 338 candidaturas