"No âmbito deste processo [plano de recuperação após insolvência], e após uma avaliação detalhada de todos os ativos, equipamentos e trabalhadores da empresa, foram identificadas várias funções para redundância", referiu hoje fonte oficial da empresa, em resposta escrita à Lusa, acrescentando que "aproximadamente 160 colaboradores aceitaram uma proposta de rescisão por mútuo acordo e 10 funções de apoio administrativo foram identificadas como redundantes".
O jornal Eco noticiou hoje que a Menzies Aviation avançou com os procedimentos para um despedimento coletivo, na sexta-feira passada, fundamentado em "motivos de mercado" e de "redução da atividade".
Em resposta à Lusa, a Menzies realçou que, desde que assumiu o controlo das antigas operações da Groundforce após a insolvência em junho do ano passado, "tem-se concentrado na implementação do Plano de Recuperação acordado para garantir a estabilidade e a melhoria do negócio" e que "este é um passo difícil, mas necessário para garantir um futuro sustentável para o negócio".
"Continuamos absolutamente empenhados em oferecer o melhor serviço aos nossos clientes e em contribuir para a força geral do setor da aviação em Portugal", sublinhou a empresa.
Em declarações à agência Lusa, Catarina Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) lamentou a decisão da empresa de avançar com o despedimento coletivo de 10 trabalhadores da área administrativa, da qual teve conhecimento através da Comissão de Trabalhadores, e contestou as razões apresentadas.
"Não podemos admitir que aleguem que a operação diminuiu, a SPdH [agora Menzies] não tem pessoal para trabalhar", apontou a sindicalista, alertando para o aumento da operação que se espera durante o verão. "E mesmo que assim fosse, o que é que os colegas do 'corporate' [administrativos] têm a ver com isso? São desculpas esfarrapadas, não as podemos aceitar", vincou.
Já o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) questionou, em comunicado, se "foram esgotadas todas as tentativas de recolocação destes trabalhadores noutras áreas" e "todas as tentativas de RMA [rescisão por mútuo acordo]".
De acordo com aqueles dois sindicatos, o programa de rescisões voluntárias, previsto no plano de recuperação da empresa, foi parado.
"Como entender que se tenha requerido ao Governo o estatuto de empresa em reestruturação com o objetivo de obter uma quota máxima de 300, se tenha esperado sete meses por essa concessão e, quando finalmente foi autorizado o aumento de quota, o programa fecha sem sequer dar a todos os inscritos (e a todos os que agora integram a lista de despedimento) a opção de uma RMA?", questionou o Sitava.
A TAP pediu em 2021 a insolvência da Groundforce, num processo cuja lista provisória de credores apontava, nessa altura, para cerca de 154 milhões de euros em dívidas. Posteriormente, segundo o plano de insolvência, as dívidas reconhecidas fixaram-se em 136,2 milhões de euros.
A Menzies prevê um investimento inicial de 12,5 milhões de euros na Groundforce.
O plano de insolvência contempla, entre várias medidas, a rescisão, por mútuo acordo, com cerca de 300 trabalhadores num período de dois anos após a homologação.
Prevê ainda que a TAP se mantenha acionista da empresa de 'handling', com 49,9% do capital, numa fase inicial, cabendo o resto do capital à Menzies Aviation.
O plano de pagamentos aos credores deverá prolongar-se até 2029, bem como um investimento adicional de 25,6 milhões de euros da Menzies, caso seja necessário.
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