A circulação de comboios da CP esteve parada na segunda-feira devido a uma greve dos trabalhadores convocada pelo do SFRCI - Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, que representa revisores de trabalhadores de bilheteiras.
"A circulação de comboios está hoje a manhã acima dos 90%. Nos urbanos a circulação na totalidade, havendo apenas a suspensão de alguns comboios de longo curso na parte da manhã", disse à agência Lusa o sindicalista Luís Bravo.
A greve visou reivindicar melhores condições salariais para todos os trabalhadores da empresa.
"Após exaustivas negociações com a administração da CP -- Comboios de Portugal, foi possível chegar a um acordo satisfatório em relação aos aumentos salariais para o ano em curso, mas este acordo "aguarda deferimento por parte das tutelas governativas desde fevereiro de 2025".
No domingo, num comunicado assinado por 13 estruturas sindicais, entre os quais o SFRCI - Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, os representantes dos trabalhadores acusaram a empresa de ter voltado atrás nas negociações com a justificação de que o Governo não autorizou a proposta que a transportadora iria assinar com os trabalhadores.
Na nota, indicaram que houve uma reunião no sábado à tarde entre a CP e os sindicatos, na qual "o presidente da administração da CP informou todas as organizações sindicais de que o governo não autorizou a administração a aplicar a última proposta" apresentada.
"O presidente da administração informou [os sindicatos, na reunião de sábado] que o Governo recusou a proposta com o argumento de se encontrarem em gestão e não poderem autorizar as medidas previstas no acordo", lê-se no comunicado conjunto.
A Lusa contactou a CP e o Ministério das Infraestruturas e Habitação, mas só obteve uma curta resposta por parte do ministério de Miguel Pinto Luz, que confirmou que a proposta da empresa "não é enquadrável no âmbito das competências de um Governo em gestão".
Na segunda-feira, a CP esclareceu que aumentos da massa salarial superiores a 4,7% precisam de autorização de um Governo em plenas funções e comprometeu-se a retomar o processo de reestruturação das tabelas salariais quando estiverem reunidas todas as condições.
"Uma vez que as soluções implicam um aumento da massa salarial global superior a 4,7%, e que ultrapassam o limite estabelecido pelo Despacho n.º 1103-B/2025, do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, qualquer decisão que ultrapasse esse limite, necessita de autorização tutelar, que neste momento não é possível conceder devido à atual situação de Governo em gestão", esclareceu a CP -- Comboios de Portugal, em resposta escrita à Lusa no domingo.
Os trabalhadores da CP mantêm a greve de dois dias, em 7 e 8 de maio.
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