"Problema da dívida grega é de toda a União Europeia"
O ex-ministro das Obras Públicas João Cravinho defendeu hoje a necessidade de uma solução para a questão da dívida grega, considerando não se tratar apenas de um problema do Governo de Atenas, mas de toda a União Europeia.
© Global Imagens
Economia João Cravinho
João Cravinho é uma das 32 figuras portuguesas que subscreveram uma carta-apelo ao primeiro-ministro para aproveitar o debate sobre a Grécia no Conselho Europeu de hoje para inverter as políticas de austeridade seguidas internamente.
Em declarações à agência Lusa, João Cravinho reconheceu que a grave crise económica que se vive na Grécia não é só um problema do país helénico, mas sim europeu.
"Não se trata de um problema exclusivamente grego, é um problema com esta acuidade toda. Mas por toda a Europa vive-se um mito de deflação, de recessão ou ameaça de recessão prolongadíssima, por uma década ou mais. Essa é que é a ameaça que se prende sobre toda a Europa e União Europeia, por causa de políticas de austeridade a qualquer custo, que conduziram a esta situação", sublinhou.
A "Carta ao primeiro-ministro de Portugal", noticiada hoje pelo Público, é subscrita por 32 figuras, como os ex-ministros Bagão Félix (CDS-PP) e Freitas do Amaral (executivos da AD/CDS e PS), Ferro Rodrigues e João Cravinho (PS), mas também pelo ex-líder parlamentar do PSD José Pacheco Pereira, pelo ex-coordenador do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, pelos economistas Paulo Trigo Pereira, Pedro Lains e José Reis, pelo empresário Ricardo Bayão Horta, pela escritora Lídia Jorge, pelo ex-secretário-geral da CGTP Manuel Carvalho da Silva ou pelo ex-dirigente comunista Octávio Teixeira.
Para João Cravinho, não são só os gregos, portugueses ou irlandeses que estão a ser, de uma maneira ou de outra, "fortemente prejudicados pela política de austeridade, mas toda a Europa".
O ex-ministro considerou ter ficado provado que a política de austeridade "não funciona como estava previsto".
"Uma coisa é persistir no erro, insistir e dizer que não há outra saída. Isso é uma política suicidária", acrescentou o ex-ministro, alertando para a necessidade de se encontrarem soluções que "respeitem os direitos dos credores", mas que permitam prosseguir uma política de crescimento e de criação de emprego.
"Existem soluções. O nosso apelo [carta subscrita por 32 personalidades enviada a Pedro Passos Coelho] é no sentido de dizer que é preciso assumir responsavelmente a vontade de encontrar soluções que resolvam os problemas das pessoas, em vez de dizer que estas não têm outro remédio senão o de ser espremidas até ao tutano. Isso não é viável", frisou o responsável.
João Cravinho apontou como solução, para aliviar os encargos com o peso da dívida que impede o crescimento, a extensão dos prazos dos empréstimos para 30 ou 40 anos, cujo pagamento seria indexado ao crescimento dos países.
"Há que jogar na possibilidade de baixar as taxas de juros desses empréstimos. Os gregos já beneficiarem disso, Portugal ainda não beneficiou suficientemente. Por outro lado, há outros países também necessitados", referiu, lembrando a necessidade de o Banco Central Europeu desempenhar "um papel mais ativo com a compra de divida pública".
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