Salgado diz que medidas do BdP prejudicaram o banco
O ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado que regressou ao Parlamento para prestar esclarecimentos na comissão de inquérito ao caso BES/GES, criticou as medidas impostas pelo Banco de Portugal e as acusações do governador, Carlos Costa.
© Lusa
Economia Inquérito BES
"O 'ring fencing' [perímetro de proteção ordenado pelo Banco de Portugal à gestão do BES então liderada por Salgado] cego prejudicou o BES em vez de o proteger", lançou o banqueiro durante a sua intervenção inicial na segunda audição no Parlamento.
Depois de já ter criticado o facto de só ter tido conhecimento dos resultados da auditoria forense à gestão do BES encomendada pelo Banco de Portugal pela comunicação social, Salgado referiu-se a várias questões que são levantadas neste âmbito e que apontam para gestão danosa, tentando desmontá-las.
"A única questão em que estive envolvido diretamente foi nas cartas de conforto [aos investidores da Venezuela. Mas, no que toca às cartas de conforto, não existe qualquer prejuízo ou dano patrimonial", afirmou.
O responsável também refutou as acusações da auditoria quanto ao "dinheiro do BCP e Montepio reembolsados com dinheiro da conta 'escrow'".
Isto, porque segundo Salgado "para proteger os clientes e a reputação do BES foi necessário recorrer a empréstimos de curto prazo junto do BCP e Montepio, mas ambos foram reembolsados".
Mais, de acordo com o ex-presidente do BES, relativamente à "eventual desobediência por concessão de crédito a entidades do GES da área da saúde, como o Hospital da Luz", este é inexistente porque os empréstimos "foram reembolsados" e tratou-se de uma "renovação de linhas em vigor, pelo que não houve novos créditos".
Depois destas afirmações, Salgado apontou baterias para o papel desempenhado por Carlos Costa em toda a situação que levou à queda do BES.
"Na conferência de 03 agosto, Carlos Costa afirmou que havia gestão danosa e desobediência das recomendações do Banco de Portugal", sublinhou, realçando que se tratou de uma "condenação em viva voz".
E acrescentou: "O regulador presume que sou responsável pelo agravamento da situação do BES, num processo administrativo. Pedi para consultá-lo, mas fui informado que não há nada consultar".
Daí, Salgado informou os deputados que entrou com uma ação de "incidente de suspeição do senhor governador por manifesta falta de isenção".
Mas sublinhou que esta questão ainda não foi alvo de análise, apesar de já terem sido amplamente ultrapassados os prazos legais para o efeito.
"Aguardo há mais de um mês a apreciação do incidente de suspeição, quando o prazo legal é de oito dias", vincou.
"O segundo capítulo [do relatório da auditoria forense] assenta inacreditavelmente em notícias publicadas na comunicação social. E foi divulgado há dois ou três dias, apesar de ser confidencial", criticou.
"Estou privado dos meios de defesa ao dispor de qualquer cidadão num Estado de direito", lamentou Salgado.
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