Oi poderia conhecer investimento da PT no GES
O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, considerou hoje no Parlamento que o circuito de informação que é do conhecimento do supervisor permite concluir que a operadora Oi poderia conhecer investimento da PT no GES.
© Reuters
Economia Carlos Tavares
"A circulação de informação que nós conhecemos poderia ter permitido à Oi conhecer", afirmou o líder do supervisor do mercado português durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
O responsável respondia às questões lançadas pelo deputado do PSD Duarte Marques, que o questionou sobre quem mais sabia das aplicações próximas de 900 milhões de euros feitas pela Portugal Telecom (PT) em dívida de 'holdings' do Grupo Espírito Santo (GES).
"Eu não sei dizer quem sabia, mas sei dizer quem devia saber. Antes de mais, a comissão executiva da PT e o seu conselho de administração, em particular, o conselho de auditoria. Até porque 900 milhões de euros não é uma pequena quantia, ainda mais, com o endividamento da PT", sublinhou Tavares.
E realçou: "A PT tinha aplicações de tesouraria em função do ativo muito superiores a qualquer outra empresa congénere. Porque é que, face às consequências a nível de 'rating' da PT, nenhum administrador perguntou porque é que não se abatia o endividamento com parte dessas aplicações de tesouraria".
Questionado com a parceria estratégica entre a PT e o BES, o líder da CMVM disse não gostar de parcerias estratégicas "que normalmente se traduzem em relações menos claras", embora tenha frisado que respeita as verdadeiras.
"Uma coisa é uma parceria entre uma instituição financeira e outra não financeira com respeito pelas competências e deveres de cada uma. Outra coisa é fazer da PT o banco de uma entidade participada pelo banco", realçou Carlos Tavares.
"Não digo que era a caixa, mas funcionou [como caixa] de algumas empresas do grupo [GES]", reforçou.
Antes destas perguntas feitas por Duarte Marques, o presidente da CMVM já tinha sido questionado pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua sobre o tema, tendo a parlamentar realçado que os relatórios e contas da PT não revelavam a sua exposição ao GES.
"Sem dúvida que seria uma informação relevante. Isso deveria ter sido identificado nas contas, através de notas. Não o foi e por isso foi aberto um processo de investigação que, neste momento, será limitado", afirmou Tavares.
O líder do supervisor mostrou-se ainda surpreendido pelo facto de "nenhum acionista, nem nenhum analista financeiro nunca ter questionado porque é que uma empresa que está altamente endividada tinha quase 900 milhões de euros em aplicações de tesouraria".
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com