Falta apurar beneficiários de 470 milhões dados à família Espírito Santo
O relatório preliminar da comissão de inquérito à gestão do BES/GES realça que é desconhecido o destino final dos empréstimos concedidos pela Espírito Santo International às empresas detidas pela família Espírito Santo, no valor de 470 milhões de euros.
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Economia Inquérito BES
Entre os pontos referentes à parte do documento que é dedicada aos "factos por apurar", destaca-se que não ficou claro para a comissão (segundo esta proposta preliminar do relatório) a "explicitação das origens, fundamentação e destino final dos empréstimos efetuados pela ESI [Espírito Santo International] às empresas suas acionistas que são detidas pela família Espírito Santo, no valor de 470 milhões de euros".
Mas há mais matérias que o relatório preliminar considera que estão por esclarecer, como a "identificação dos destinatários ou beneficiários últimos de determinadas operações de concessão de crédito ou aplicações financeiras, nomeadamente, no que se refere ao BESA [BES Angola], Eurofin (a qual, de acordo com o Banco de Portugal é uma entidade com ligações ao Dr. Ricardo Salgado e ao GES) e empresas 'offshore'".
Também há dúvidas sobre o "objeto social e movimentações financeiras caracterizadas de forma exaustiva em relação a entidades ligadas ao GES [Grupo Espírito Santo] mas que não constam do correspondente organigrama, como sucede com a Espírito Santo Enterprises".
E falta ainda a "caracterização detalhada e exaustiva de origens e circunstâncias em que determinados movimentos financeiros podem ter resultado no benefício patrimonial de membros da família Espírito Santo e outros altos quadros de empresas do GES, no que diz respeito a comissões, liberalidades ou outras situações análogas".
O relatório preliminar da comissão de inquérito está hoje a ser apresentado pelo relator Pedro Saraiva (PSD) numa sessão que durará várias horas e na qual o deputado será questionado pelos diferentes partidos em dois blocos de perguntas.
Posteriormente, e até dia 23, serão apresentadas as propostas de alteração dos partidos ao relatório preliminar, e no dia 29 de abril o texto final terá de estar pronto.
A comissão foi proposta pelo PCP - e aprovada por unanimidade dos partidos - e teve a primeira audição a 17 de novembro do ano passado, tendo sido escutadas dezenas de personalidades, entre membros da família Espírito Santo, gestores das empresas do grupo, reguladores, supervisores, auditores e agentes políticos, entre outros.
O objetivo do trabalho dos parlamentares é "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".
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