"Reformas estruturais irrealistas adiam benefícios das medidas"
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou hoje em Sintra que se as reformas estruturais, como por exemplo a das pensões, forem vistas como "irrealistas no longo prazo", adiam os seus benefícios e dificultam mudanças de comportamentos.
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Economia Draghi
No discurso 'Reformas Estruturais, Inflação e Política Monetária', na abertura dos trabalhos de hoje do II Forum do BCE, que decorre em Sintra, Mario Draghi defendeu a necessidade de os países do euro aproveitarem este ambiente de política monetária acomodatícia para adotarem reformas estruturais, uma vez que este ambiente favorável diminui os custos de curto prazo dessas reformas.
No entanto, o presidente do BCE afirmou que, "se houver incerteza quanto ao período em que as reformas vão ser implementadas ou quanto ao compromisso dos sucessivos governos para manter" essas reformas, "vai demorar mais tempo para que empresas e famílias ajustem as suas expectativas e os benefícios das reformas serão adiados".
Além disso, o economista italiano alertou ainda que, "se as reformas não forem percecionadas como sustentáveis sob uma série de condições -- por exemplo, se uma reforma de pensões for irrealista no longo prazo -- os agentes vão antecipar uma reversão no futuro e vão resistir a ajustar o seu comportamento hoje".
O Governo PSD/CDS-PP apresentou em meados de abril o seu Programa de Estabilidade com a estratégia orçamental para a próxima legislatura em que não detalha as medidas com que pretende reformar o sistema de pensões, indicando apenas que essa reforma deverá representar poupanças de 600 milhões de euros.
Já o PS, na versão inicial do seu programa eleitoral, conhecida quarta-feira, não apresenta uma proposta global de reforma das pensões, mas indica algumas medidas concretas nesta área.
Para Mario Draghi, os Estados devem adotar reformas de forma "comprometida, credível e consistente" e "os ganhos de curto prazo podem ser amplificados se as reformas forem bem desenhadas, agrupadas e sequenciadas".
O presidente do BCE deu o exemplo da Alemanha para defender que medidas sobre as horas de trabalho e os salários "têm menor probabilidade de ter efeitos de curto prazo negativos" do que medidas como os despedimentos.
Mario Draghi disse ainda que as reformas devem ser feitas com o objetivo de "reduzir os estrangulamentos aos novos investimentos" e que, "se as reformas forem bem coordenadas dentro da zona euro, os benefícios para um país de média dimensão podem ser ainda mais maximizados", nomeadamente limitando os efeitos de queda da inflação.
O responsável máximo de Frankfurt afirmou que a atual política monetária, de taxas de juro baixas e de medidas não convencionais, faz com que "acelerar as reformas estruturais seja desejável, porque evidencia os efeitos positivos na procura".
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