Negócio da TAP é “obsessão ideológica” de “privatizar tudo”
O antigo líder da CGTP afirma que “aquilo que existe [na TAP] foi construído com dinheiro dos portugueses” e não pelo investimento de nenhum empresário.
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Economia Carvalho da Silva
Foi de forma crítica que Carvalho da Silva reagiu na antena da RTP informação, no programa 'Três Pontos', à privatização de 61% da TAP, num negócio acordado com o consórcio Gateway, que juntou David Neeleman e Humberto Pedrosa.
"Nós até este momento conhecemos do processo a interpretação do Governo, que defende a sua dama", disse o antigo líder sindical, defendendo que o negócio por parte do Executivo se trata de "uma obsessão ideológica" de "privatizar tudo" e é de "quem não olha a meios para alcançar fins".
Carvalho da Silva recorda ainda que "estamos à porta de eleições legislativas" e que, na sua expectativa, será provável que PSD e CDS venham a perder eleições.
Ainda assim, as suas críticas vão mais longe no tempo, afetando vários executivos, tanto do PSD como do PS. "Este processo iniciou-se no tempo do Governo do engenheiro Guterres", disse.
Relativamente ao que esperar do futuro da empresa, agora que a maioria do capital deixará de estar sob a tutela do Estado, Carvalho da Silva diz que "precisamos de ouvir outras interpretações, a partir da leitura concreta do que está escrito, e assistir às práticas dos compradores", com o ex-líder da CGTP a alertar que "normalmente as interpretações de uns e outros são bem distintas".
"Acho que não se devia privatizar; ponto final", disse, acrescentando que "não há inevitabilidades. A única inevitabilidade que o ser humano conhece é a morte e mesmo aí as pessoas procuram prolongar a vida".
"A TAP precisa é de investimento", contrapôs ainda, descrevendo o negócio de forma severa: "por 10 milhões de euros, o património da TAP vai-se embora".
"Quanta dívida tem que ser paga até à conclusão do processo?", questionou ainda, num dia em que o ministro da Economia, Pires de Lima, em entrevista à TVI, realçou que a dívida da TAP é de 1.050 milhões.
"Há uma ideia feita na sociedade portuguesa que é preciso desmontar: 'acabou-se o sorvedouro dos dinheiros públicos'". "Isso não é verdade. Um dos problemas que a TAP tem é que não houve injeção de capital nos últimos, muitos, anos", criticou Carvalho da Silva, que considera que "os portugueses não andaram a subsidiar a TAP", mas deixou-se acumular défice por falta de investimento, defendeu.
Já sobre o argumento de que a falta de investimento estatal se deve às regras comunitárias, que o impediriam, Carvalho da Silva considera que “as regras europeias têm tido interpretações diversas”, o que teria permitido outro tipo de atuação dos diversos governos.
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