Referendo vai avançar, mas acordo ainda é possível
O primeiro-ministro grego assegurou que o referendo sobre o resgate será realizado e não vai "pedir autorização" aos parceiros para "dar a palavra ao povo", prometendo continuar disposto a chegar a um acordo.
© Reuters
Economia Tsipras
Alexis Tsipras fez estas declarações no final de um debate no parlamento que durou 14 horas e no qual foi votada a realização de um referendo sobre as medidas propostas pelas instituições credoras: Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
"A nossa intenção de obter um compromisso de honra estará sempre sobre a mesa", disse Tsipras, que pediu ao povo grego para responder com um vigoroso "não" às propostas dos credores, para fortalecer a posição do Governo nas negociações.
A decisão sobre o referendo "não constitui uma rutura com a Europa, mas sim pôr fim a táticas que ofendem a Europa", esclareceu.
Tsipras afirmou que o Governo grego negociou com honestidade, mas "no final prevaleceram as vozes extremas de parceiros e instituições, apesar das boas intenções de alguns, em especial de Juncker", disse, aludindo ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
"A firmeza da posição de que o FMI devia continuar a fazer parte do acordo bloqueou a possibilidade de um compromisso honesto", explicou Tsipras, que atribuiu ao FMI a responsabilidade pelas exigências mais inaceitáveis para a Grécia, como o agravamento da situação dos pensionistas.
Tsipras criticou também a insistência do FMI no aumento do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) sobre a atividade hoteleira de 6,5% para 23%. O Governo tinha proposto um aumento de 13%, numa fórmula de compromisso, já que uma taxa de 23% representa um duro golpe para a atividade mais competitiva da economia grega.
"Eles não nos pedem para chegar a um acordo, mas para ceder a nossa dignidade política", adiantou.
"A dignidade de um povo não está em jogo", sublinhou Alexis Tsipras, que defendeu que os dois resgates negociados pelos governos anteriores tiveram "consequências dramáticas" e pediu um voto contra o acordo para "enviar uma forte mensagem de dignidade à Europa e ao mundo".
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