Falando à agência Lusa à margem de um evento realizado em Lisboa pela Câmara de Comércio Americana em Portugal, o governante esclareceu que "vai haver uma reestruturação da EMEF", a qual competirá à administração da empresa, adiantando que "é provável que aconteçam rescisões de contratos porque tem um nível de atividade inferior aos custos".
A queixa interposta pela Bombardier em Bruxelas contra alegadas ajudas financeiras que a CP terá prestado à sua participada EMEF inviabilizaram o processo de privatização desta empresa, assumiu na quinta-feira Sérgio Monteiro, durante o 'briefing' do Conselho de Ministros.
Sem nunca referir o nome do grupo Bombardier, Sérgio Silva Monteiro justificou a decisão do Governo de não avançar com a privatização da EMEF com o facto de haver "uma queixa interposta em Bruxelas por um dos concorrentes da EMEF no mercado português".
"Esta é uma ameaça muito importante para o futuro da empresa", que comporta "sérios riscos", "feita por um concorrente que quer eliminar a EMEF do mercado", acusou então o governante.
Os dois grandes objetivos da privatização da EMEF eram "capitalizar a empresa e garantir as condições para o crescimento da sua atividade, nomeadamente no estrangeiro".
"Com a privatização o Governo pretendia que os postos de trabalho e a atividade da empresa pudessem crescer", sublinhou à Lusa.
"Na prática [sem a EMEF poder ser privatizada], a injeção de dinheiro não se fará, o desenvolvimento da atividade é mais difícil porque o Estado não tem condições de a garantir e a dependência em relação à CP [principal cliente] é maior e, por isso, o nível de custos é superior ao dos proveitos", lembrou.
"É preciso inverter esta tendência", pois a empresa "tem de estar equilibrada", disse.
No início de junho, a Bombardier apresentou na Comissão europeia uma queixa alegando que a EMEF terá recebido ajudas estatais no valor de 90 milhões de euros.
Sérgio Monteiro adiantou que o Governo tem estado em contacto estreito com a administração da CP para efetuar a defesa da posição portuguesa nesta matéria em Bruxelas, mas não quis adiantar os argumentos que serão utilizados.