"Podemos estar a vender anéis e dedos com as privatizações"
Em entrevista ao Público, o presidente da Partex, António Costa e Silva, comentou o preço do petróleo, a economia internacional e ainda deixou alguns elogios ao ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva.
© Universidade Nova de Lisboa
Economia Costa e Silva
"Penso que o Governo, com o ministro que era da Energia e da Economia [Álvaro Santos Pereira] quebrou um tabu do passado, e que é uma causa da crise que o país atravessa, que era a falta de atenção à economia produtiva e a não valorização dos recursos endógenos", afirma António Costa e Silva.
Elogiando os atuais governantes, o presidente da Partex explica que "estiveram bem na liberalização do mercado da energia, que era uma das condições da troika, e a negociar a questão das rendas da energia com as várias empresas".
"Houve em todo este debate uma certa intoxicação da opinião pública com a estigmatização das energias renováveis, mas a meu ver a aposta nas energias renováveis é importante e o atual ministro, Jorge Moreira da Silva, também tem feito um bom trabalho e tem-na mantido", garante e acrescenta que "a renda mais excessiva que o país paga são os sete mil milhões de euros para importar petróleo, gás e carvão do exterior".
Como solução, Costa e Silva, indica que se for aplicado "500, 600 milhões, para apostarmos nos recursos endógenos e depois dar-lhes sustentabilidade e criar polos produtivos e dinamizar a economia e o emprego, é uma aposta inteligente".
"Moreira da Silva também esteve bem na questão das linhas transfronteiriças, porque é importante resolver a questão de Portugal ser uma ilha energética e fazer as ligações a França, quer das redes energéticas. Onde é que há falhas?", questiona.
Mas o que faltou para fazer? "A aposta nos transportes públicos e a criação de interfaces, a educação dos cidadãos… isso é algo que não foi feito e é um desafio para o futuro. Outro aspeto negativo tem que ver com as privatizações das empresas de energia", frisa.
Relativamente às privatizações, indica que eram necessárias "para fazer face às dificuldades financeiras que o país tinha". "Mas podemos estar a vender os anéis e os dedos, porque as privatizações têm de ter atrás um modelo de desenvolvimento estratégico para o futuro", refere.
Sobre a economia internacional e o preço do petróleo, o presidente da Partex, fala numa baixa de preços. "Já estávamos numa era de preços baixos, mas ela vai acentuar-se porque temos um excesso de oferta no mercado mundial", indica.
"Vamos ter uma era de energia barata nos próximos anos, ao contrário de tudo o que se prognosticava no passado", afirma e acrescenta que "os preços vão manter-se baixos nos próximos dois, três anos, a não ser que haja uma catástrofe geopolítica, o que não está excluído".
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com