"Promover a natalidade não chega, a imigração é necessária"
O vice-presidente do BCE acredita que a Europa necessita da imigração para crescer economicamente.
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Economia Vítor Constâncio
Vitor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu, defende, em entrevista à Reuters, que a imigração é necessária para o crescimento europeu, lembrando que a Europa está envelhecida e que as medidas de incentivo à natalidade não são suficientes.
O antigo governador do Banco de Portugal fala num “suicídio demográfico” que está a afetar a Europa, o que contribui para um envelhecimento. Assim, “para alterar as tendências demográficas, promover a natalidade não é o suficiente”, mostrando que a imigração, numa fase em que chegam milhares de refugiados ao velho continente, é fundamental.
Caso a imigração seja colocada em causa, a Europa estará “a criar grandes dificuldades para o crescimento e para o bem-estar das gerações futuras", frisa.
Políticas económicas da Europa
Constâncio acredita que o Banco Central Europeu não conseguirá, sozinho, ter a solução para toda a economia da zona euro, mas salvaguarda o desejo de imprimir mais dinheiro. “O BCE pode aumentar a compra de ativos, se for necessário, até porque as medidas que já tomou são pequenas comparativamente com o que já foi feito por outras autoridades monetárias”, afirmou, confirmando que, na sua opinião, a Europa necessita de um motor idêntico ao das economias norte-americana e chinesa.
“O montante total que comprámos representa 5,3% do PIB da zona euro, enquanto a Fed já comprou o equivalente a 25% do PIB, o Banco do Japão 64% do PIB e no Reino Unido 21% do PIB britânico”, indica. “Por isso, estamos longe do que já fizeram outros bancos centrais”, conclui.
Para explicar o fraco crescimento da Europa, o vice-presidente do BCE fala num mercado de trabalho em retração, algo que acredita ser difícil de resolver através da política monetária. “O potencial de crescimento é muito baixo e nas condições atuais tememos que este venha a ser um período prolongado de crescimento”, afirma.
Segundo o vice-presidente do BCE, a divergência na zona euro também não vai continuar, já que países como Portugal, Espanha, Irlanda, Eslovénia e Chipre cresceram acima da média da zona euro no primeiro semestre do ano, "depois de um ajustamento doloroso e muitas reformas".
Apesar de a Europa ter voltado "ao crescimento", é preciso "reforçar a confiança nos países periféricos", o que só pode ser conseguido aprofundando a integração, continuou.
Constâncio garantiu ainda que "o euro é irreversível" e que a perspetiva de saída da Grécia "nunca foi real", manifestando a esperança de que o novo governo grego se empenhe no cumprimento do programa, após o acordo obtido com Bruxelas.
Mais ainda, Vitor Constâncio crê que esta falta de crescimento e a retração do mercado de trabalho poderão explicar a forte reação contra a chegada de imigrantes ao continente europeu.
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