"Será que as PPP não são mais do que uma rede de redistribuição?"
A questão é feita pelo sociólogo António Barreto.
© Blas Manuel /Notícias ao Minuto
Economia António Barreto
"O novo Governo entrou em funções há dias. É o momento de chamar a atenção para as parcerias público-privadas (PPP)", começou por afirmar.
No espaço de opinião no Diário de Notícias, António Barreto considera que existe um lado positivo e negativo para as PPP. "A elas se atribuem méritos e vantagens da boa gestão financeira e do planeamento saudável. São amigas do desenvolvimento, capazes de fazer lucrar os privados e suscetíveis de fazer ganhar os governos. Trazem benefícios para o povo e para as empresas", explica.
Quanto aos defeitos, o sociólogo admite que esta é uma forma de "permitir aos governos endividar o Estado, adiar encargos por várias gerações, dar os lucros aos privados e os riscos ao Estado, fazer contratos com cláusulas secretas, gerar ganhos excessivos para os construtores, estabelecer laços promíscuos entre o Estado, os partidos e as empresas e transformar políticos em gestores abastados".
"Esquerda e Direita anunciaram que, um dia, diriam tudo à população. Mas, na verdade, nunca se esclareceu esta questão. Fizeram-se dezenas de PPP. De construção, de exploração e de concessão. Acima da centena de projetos de parceria nas áreas da rodovia, da energia, da saúde, da água e saneamento, da segurança, dos portos marítimas, dos aeroportos e da ferrovia (e do TGV). Milhares de milhões foram atribuídos", sublinhou.
Para António Barreto, "enquanto não houver esclarecimentos do Governo e dos tribunais, é lícito desconfiar e pensar que as principais empresas de obras públicas são culpadas de erros grosseiros, de lucros não justificados, de margens exageradas e de esbulho de dinheiro públicos".
"Nestes contratos, estavam envolvidos políticos do PSD e do CDS. Se assim não fosse, já teriam denunciado os culpados. Também é legítimo pensar que políticos do PS estejam envolvidos: ou porque assinaram PPP ou porque as não denunciaram", admitiu, questionando se "as PPP não são mais do que uma rede de redistribuição a favor de dirigentes, gestores, empresários do regime e patrícios dos partidos que assim se defendem uns aos outros?".
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