"As autarquias e os Estados recebem quantias que são impostos, prestações exigidas aos cidadãos, mas não sabemos para onde é que o dinheiro vai. Mas há outra prestação pública, que é a taxa. Uma quantia exigida, como contrapartida de um serviço que lhes é prestado", comenta o economista.
Como explicação, Medina Carreira indica que o "lançamento de taxas é permitido por lei aos municípios", mas "este é um sistema ‘facilitado’ para os municípios". O que tem levado a que "de repente levantem uma taxa em situações absurdas". Numa espécie de exemplo, o economista refere a água. "Não se paga a água pagam-se taxas. Isto é uma situação escandalosa", assegura.
"Temos em Lisboa 250 taxas. O caso da água é o mais expressivo de que algo não está bem. Isto é uma imoralidade. De vez em quando lançam mais qualquer coisa como taxa. Inventa-se e as anteriores vão-se acumulando", admite.
No comentário no programa 'Olhos nos Olhos', o economista afirma que "os dinheiros aqui em Portugal, sobretudo os públicos, são jogados com a maior desfaçatez e a maior irresponsabilidade".
Numa análise ao novo Governo empossado, tendo como primeiro-ministro António Costa, Henrique Medina acredita que "o que aí vem com estas novas decisões do Governo não podem deixar de provocar grandes agravamentos fiscais".
"O grande problema deste Governo é que vai aumentar a despesa de tal maneira que se repuserem as prestações ao nível de 2010 podemos endividar-nos em 20 mil milhões", indica.
Já em relação às privatizações das várias empresas que eram nacionais como a PT e a TAP, o comentador revela que foi conseguido um milagre. "Conseguimos o milagre de ter levado o país contra a parede. O resto foi tudo, tudo vendido. Não há nada que preste. Estamos a viver num país de estrangeiros. Foi uma série de ‘trafulhices’ e de tentativas de domínio político. Não temos nada português que seja grande e importante", termina.