Portugal tem de ser forte candidato a acolher construtores automóveis
O presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) defendeu hoje a importância de Portugal se posicionar como forte candidato à implantação de fábricas de construtores asiáticos, apostando numa promoção "sistematizada" que envolva setores público e privado.
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Economia AFIA
"Há espaço para um novo construtor em Portugal, mas o Governo tem que trabalhar para isso. Há uns 30 países no mundo a candidatarem-se a implantações de novas fábricas e nós somos um deles, mas não podemos estar apenas à espera que algum decida que se quer instalar em Portugal", afirmou Tomás Moreira em declarações à agência Lusa.
Falando à margem de um seminário sobre o 'cluster' automóvel português, que hoje decorre no Porto por iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa, o presidente da AFIA salientou que "quem vier para Portugal vai pedir apoios públicos, subvenções, situações especiais e favores, que são muito importantes para captar os construtores" e têm "um efeito de arrastamento e de desenvolvimento enorme em termos de massa de fornecedores".
E, se "houve uma fase em que Portugal não estava na moda", em detrimento de destinos como a República Checa, Polónia, Hungria e Roménia, neste momento "Portugal está outra vez a ser falado na Europa como um sítio interessante para produzir".
De acordo com Tomás Moreira, "na linha da frente" para a instalação de novas fábricas estão atualmente os construtores automóveis chineses, mas também os coreanos e os indianos. "Há fabricantes muito grandes de origem chinesa, os primeiros dos quais já estão na Europa mas que, à medida que o mercado deles vai deixar de crescer a dois dígitos, vão querer expandir e seguramente vão querer fazê-lo para a Europa", salientou.
O responsável da AFIA vê também "muito potencial" nos fabricantes coreanos e indianos, que "com certeza vão querer reforçar as posições na Europa".
Contudo, alerta, a atração destes investimentos "tem que ser preparada com cinco a 10 anos de antecedência", através de uma estratégia de promoção "sistematizada, permanente, de longo prazo e estruturada, em que o Governo chame também o 'cluster' automóvel, os construtores e os fabricantes de componentes" para que todos juntos projetem a imagem de Portugal enquanto destino de investimento.
"Não podemos estar sujeitos a mudanças de pessoas nos governos ou na diplomacia, tem que haver uma estratégia nacional continuada e constante e há que investir no longo prazo, sabendo que muitos dos esforços que se vão fazer vão ser em vão", sustentou.
Depois, disse, "a indústria automóvel é de modas", pelo que "se vier um construtor para Portugal os outros vão olhar para o país com outros olhos, porque o efeito de contágio é muito forte".
Relativamente à constituição do 'cluster' automóvel português - que para já engloba 35 empresas, 13 entidades não empresariais ligadas à inovação e ao ensino, as associações Automóvel de Portugal (ACAP) e AFIA e outros sete associados e cuja candidatura foi entregue em julho de 2015 -- Tomás Moreira salientou que o objetivo é "por toda o setor a trabalhar junto e com objetivos comuns".
Paralelamente, o 'cluster' pretende assumir-se como interlocutor do Governo e posicionar-se como captador de fundos de apoio à atividade, de forma que o setor possa "desenvolver a sua competitividade e internacionalização".
Com um pacote de 22 milhões de euros previsto para o desenvolvimento de atividades e projetos comuns ao setor até 2020, o 'cluster' automóvel português diz que "não parte do zero", mas quer "otimizar as plataformas de entendimento e projetos" já existentes no setor.
Um setor que, para o presidente da AFIA, "tem muito potencial de crescimento" em Portugal e "boas perspetivas" para 2016, em linha com a tendência de crescimento evidenciada nos últimos três anos.
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